Dona Quininha comemora 100 anos com alegria e lucidez.
Dona Quininha é como
se fosse uma figura imortal. Afinal de contas, ela viveu todo o século passado,
desde o seu segundo ano!Interna no Asilo São Vicente de Paula, comemorou neste
mês cem anos de idade.
Sinônimo de longevidade, mantem-se totalmente lúcida,
transbordando muita vitalidade e bom humor. Neste perfil, auxiliada pela gentil
Irmã Romilda, Quininha revela uma verdadeira lição de vida, demonstrando que
pouco importa a idade, o que vale mesmo é a alegria de manter-se viva e
encontrar Deus nos pequenos gestos do dia - a-dia.
Joaquina Pacheco Leiria, a popularizada Dona Quininha,
nasceu em nossa cidade, no dia 16 de junho de 1902.
Nasceu antes do Rádio, automóvel, linhas de aviação ou
computadores. Acompanhou a tragédia do Titanic, a primeira Copa do Mundo, as
duas guerras mundiais, a era Vargas, a ida do homem a lua e tantos outros fatos
que marcaram o século XIX. Pertence a uma família de nove irmãos, estudou no
Colégio Ernesto Alves. Optou por nunca casar. Contou-nos a história de um amor
impossível entre ela e um primo, mas as famílias se opuseram. Dona Quininha,
frustrada, nunca mais pensou em casar. Ganhou a vida fazendo o “jogo do bicho”,
sabia como ninguém dar palpites exatos aos clientes, desvendando-lhes seus
sonhos: sonhar com uma pessoa agressiva, jogava-se no tigre; com médicos,
advogados e estudiosos, o melhor era apostar no animal contrário as qualidades
da pessoa: o burro e, como estas outras deduções marcaram e aumentaram a
clientela que, com o dinheiro ganho conseguia manter-se e tirar boa parte para
uma caderneta de poupança. ”Muitas vezes, clientes vinham buscar-me em casa para fazer o jogo para
pessoas inválidas ou que estavam impossibilitadas de irem até mim. Conquistei
freguesia em toda a cidade”, diz. Morava em frente a
Igreja Matriz e era conhecidíssima. Gostava de cantar, dançar e não perdia
festa. Representava no antigo cinema, usando roupas de papel crepom, ao som do
piano do seu Ari Fontoura (hoje falecido). Frequentava os bailes do Literário e Recreativo. Também sabia fazer doces de despertar
qualquer paladar: cocada, papo de anjo, bom-bocado, doce de abóbora... Tal
culinária rendeu-lhe muita fama entre os que saboreavam estas deliciosas
guloseimas.
Muito tempo passou e já vão longes aquelas distantes datas
em que realizava suas façanhas. Em 19 de setembro de 1996, já com 94 anos, foi
internada no Asilo. Passou por um período de saúde debilitada e por causa de
uma trombose, teve a perna amputada. Também lhe apareceram problemas de
audição.
Atualmente mantem-se mais jovial do que nunca. Com saúde
restabelecida, faz leituras sem utilizar óculos de graus, não toma nenhum
medicamento e continua com seu alto astral. Em 1999 foi eleita a rainha da3ª
idade Adora cantar, improvisar mesmo em uma cadeira de rodas. Vaidosa, adora
andar bem vestida e arrumada com acessórios, como faixa no cabelo que exibe
modelo visto na TV. Vibra com a seleção Brasileira, na copa do Mundo. Passa
muita energia, vive como se cada dia fosse o mais importante, sem se preocupar
com o tempo...
FONTES: Jornal de Rio Pardo, junho, 2002. AHMRP
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D Quininha sempre sorrindo e brincando com os rio- pardenses |
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