Feliz a campanha que o Jornal de Rio Pardo está iniciando,
por iniciativa de Biágio Tarantino, homem de ação e resplendor das tradições, no
sentido de que não morra o culto dos antepassados, fique na memória do povo as
páginas viva da história da Pátria e que a terra legendária lembre-se de sua
cidade ilustre pelos feitos e pelos
filhos.
O complexo atraso, a
inibição que o antigo é inimigo do moderno e o preconceito errôneo do que as crônicas de mais de dois séculos perturbem
o ritmo evolutivo da economia local, não passam de ilusões que devemos
sobrepujar com realidade. Rio Pardo, no Rio Grande do Sul é historicamente
única nenhum lugar tem mais brilhantes memórias, posição de maior realce na
cronologia dos acontecimentos sociológicos e as origens gaúchas possuem suas raízes nesta terra que José de
Alencar fez o elogio e que Basílio da
Gama cantou,em pleno século XVIII. A História colonial do Rio Grande do Sul é
toda rio-pardense: Sete Povos, Lutas de Índios,
bandeirantes, sesmarias, missões, portugueses, açorianos, lagunenses,
invasão espanhola, etc. ocorrem na
cidadela que Gomes Freire de Andrade
mandou levantar um depósito de provisões, na confluência dos dois
Rios. Em torno do Forte nasceu a cidade,
os campos de gado já existiam no interior, anteriormente padres, índios e paulistas percorreram a campanha rio - pardense.
A Fronteira do Rio Pardo dominou a Capitania inteira na
direção do rio Uruguai e Sacramento, Maldonado o Cisplatino efetivo, político e administrativo. Aí surgiram
as fazendas de criação de gado, cidades e paróquias.
Regimento de Dragões
do Rio Pardo foi admirável na sua obra de expansão, vigilância e expulsão do
inimigo.
A colonização açoriana, representou um papel consolidador dos costumes luso-brasileiros da gente do pampa brasileiro. O Ilhéo, com a alma pura de isolado pelos mares,
oceanos, transplantou seus hábitos
fortes, serenos e honestos nesta parte
da América Portuguesa.
Rio Pardo, capital do Rio Grande. Rio Pardo, centro de resistência contra o castelhano; Rio Pardo que deu parte de cinqüenta
municípios do Rio Grande; Rio Pardo de Escolas de Guerra e Rio Pardo do
tempo do Paraguai, da abolição da
Escravatura e da propaganda republicana.
A galeria de seus líderes, seus cidadãos ilustres e figuras
da história é bela e admirável da propaganda republicana.
Cidade dos dez
barões; Santo Ângelo, São Gabriel, Triunfo, Ramiz Galvão, Quaraí, São Nicolau,
Bujurú, Teresópolis, Cambai, Viamão; e dos quatros Viscondes: Pelotas, São
Gabriel, Serro Formoso e Andaraí.
Não tem veleidades monárquicas
as citações que se fazem, nem manias aristocratizantes
e sim homenagem aos grandes da terra. Tão dignos deles, também, os Borges do
Canto, os Pinto Bandeira, os Amaral, os
Lisbôas, os Ferreira, os Fontoura, os Silveira, os Pedroso, os Lima, os Franco,
os Mena, os Barreto, os Porto, os Simões pires, os Melo , os Macedo, os Pedroso de Albuguerque, os Alencastre,
etc. árvores genealógicas magníficas e troncos de famílias que deram exemplos
ótimos e comoventes do patriotismo, coragem, abnegação, inteligência e espírito. Rio Pardo das igrejas: cidade que Saint Hilaire, Arsene Isabelle e Nicolau
Dreys, Viajantes do século XIX, adoraram
: cidades dos sonhos, das festas populares, brigas de carnaval, reisados e
cavalhadas, e cidade que Marcelino de Figueiredo, D. Pedro II, Dona Tereza Cristina, Bento Gonçalves, Canto e Melo,
Princesa Isabel, Deodoro da Fonseca, Conde D’ Eu, Júlio de Castilho, etc estiveram.
Lugar de nascimento
de Alexandrino de Alencar, Ernesto Alves, João Luiz Gomes, Protásio Alves e inúmeras próceres
da República, que já, em 1835, tinha seus ardorosos defensores, como depois, em
1893.
Por que relegar as glorias de outrora com um patrimônio
deste? Por que derrubar sobrados tão
lindos e que guardam romances inesquecíveis, pois a inesquecíveis, pois a
história não é o romance de uma Pátria?
FONTE: Jornal de Rio Pardo 03/08/1952 por DANTE DE LAYTANO - AHMRP
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