sexta-feira, 18 de maio de 2018

HOMENAGEM A BIÁGIO TARANTINO


FLORINA DE CASTRO LISBOA 

Rio-pardense, professora, Diretora Municipal da Educação por muitos anos, poetisa, criou aulas noturnas na Aldeia de São Nicolau e muitos Grupos Escolares. Foi uma pessoa especial na contribuição educacional em Rio Pardo. Escreveu um livro de poesias e em homenagem a pessoas importantes da nossa Cidade e do Rio Grande.

Homenagem a Biágio Tarantino 

Eu quisera poder pois exprimir, 
Nestas rimas singelas que hoje faço,
Toda a admiração que vem unir
Os filhos desta terra só num laço.


Heróis possue Rio Pardo, hão de convir,
Que de modo nenhum aqui desfaço,
Mas filho que acarinhe alto sentir
E viva com sua terra num abraço,



É Biágio Tarantino, guarda cioso,
Das relíquias do solo dadivoso,
Que descobre valores esquecidos



Propaga-os, sua terra projetando,
No nacional cenário e, a colocando,
Com glórias dos escolhidos.


 FONTE: Florina de Castro Lisbôa. Pétalas Dispersas, 1980 pg.37

quarta-feira, 16 de maio de 2018

QUEM FOI PROTÁSIO ALVES?


Protásio Antônio Alves é uma das mais interessantes figuras do nosso cenário político. Nasceu em Rio Pardo, a 21 de março de 1859 e faleceu em Porto Alegre, a 05 de junho de 1933, com 74 anos.  Formou-se em medicina em 1881, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Com 22 anos, foi Secretário do Interior, servindo nos governos de Borges de Medeiros, Carlos Barbosa e Salvador Pinheiro Machado.  Foi Vice-Presidente do Estado, nos quinquênios 1918-1923 e 1923-1928, exercendo em diversos impedimentos também a Presidência. Foi professor catedrático de obstetrícia, sendo o primeiro diretor da Faculdade Livre de Medicina e Farmácia de Porto Alegre, de 1898 a 1907. Desde Jovem era membro ativo do Partido Republicano do Rio Grande do Sul (PPR) e deputado em 1891. Primeiro Diretor de Higiene do RS  preocupava-se em criar laboratórios de análise e defendia o investimento em Saneamento Básico, lutou contra a tuberculose, insistindo na instalação de SANITÁRIOS.
Por mais de 21 anos foi secretário do Interior e Exterior, trabalhando com saúde e educação. Neste segmento criou uma rede de Grupo Escolares, o Colégio Complementar, estimulando o aperfeiçoamento de professores, providências que elevaram enormemente o nível de alfabetização do estado do Rio Grande do Sul.

Protásio Antônio Alves era filho de Protásio Alves e Cândida Pessoa  Alves,  foi casado com Geralda Cárdia Alves, deste casamento teve 5 filhos: Almir e Breno Alves, médicos;  Glauco Alves,  advogado; Hugo Alves, funcionário municipal e Cândida Alves Paim, esposa do General   Firmino Paim Filho.

FONTE: Jornal de Rio Pardo, 2006. AHMRP

segunda-feira, 14 de maio de 2018

PRAÇA PROTÁSIO ALVES - 1959

                                           

Localizada defronte a Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário, a Praça Protásio Antônio Alves é uma das mais conhecidas da cidade. Pela sua localização, infra-estrutura e arborização atraem diversos visitantes, é um ponto de lazer, festas, religiosidade, de crianças desfrutando as diversas opções que ali existem. Conta com um ponto de táxi, ônibus urbano, banheiro, um quiosque, um parque infantil, bancos para descansar e colocar a conversa em dia e tomar um chimarrão no final de um dia de trabalho e nos fins de semana.

 Em frente à praça, podemos olhar e ver a beleza da nossa histórica Igreja Matriz Nª  Sª do Rosário, templo centenário e um dos mais visitados por turistas, com belas imagens,  corpo de Jesus morto articulado em tamanho natural, usado durante  a procissão da Semana Santa e muitas outras imagens e altares  a serem estudados, raros e com detalhes neoclássicos. No centro da praça tem um busto do renomado “pai dos Pobres” o Dr. Pedro Alexandrino de Borba. Também há um sobrado de grande importância, moradia do Visconde de São Gabriel, João de Deus Mena Barreto, hoje Instituto Medianeira, mais conhecido como “Casa da Criança”.

A Praça recebe esta denominação pela lei nº 004 de 14 de abril de 1959, aprovada pela Câmara Municipal e o então Prefeito Municipal Fernando Wunderlich, sancionou a lei que mudou o nome da Praça Marechal Floriano para a Protásio Alves.

FONTE: Jornal de Rio Pardo, 2006



quinta-feira, 10 de maio de 2018

BALNEÁRIO DE SANTA VITÓRIA



O Balneário de Santa Vitória surge em razão da instalação da luz elétrica. Esta área de lazer torna-se importante para os veranistas da cidade e cidades vizinhas rio-pardenses, pois com a chegada da Luz tudo se torna melhor, tanto para encontros com familiares e amigos, como para lá se instalar com conforto, água e luz.
Situado à margem direita do rio Jacuí, frente da praia dos Ingazeiros, possuí uma grande extensão apropriada para o lazer. Muita areia, sombra e águas limpas próprias para  banho e mergulho.
A margem do rio é plana, com uma exuberante mata nativa. Muitos jovens fazem trilhas ao longo do rio e do balneário.
 Neste balneário, além das águas do rio, podem desfrutar das lagoas, usando sempre de BOM senso, pois as águas são profundas e perigosas, podendo ter buracos.
A infraestrutura é boa, luz, água potável e bares que servem vários tipos de peixes, área para camping e serviço de salva-vidas. No Balneário Santa Vitória existe uma Associação de moradores que tem como objetivo cuidar da organização do espaço, limpeza e preservação do meio ambiente. Existem muitas moradias com boa infraestrutura que recebem visitantes para alugá-las na época de veraneio e na maioria são proprietários das mesmas.

FONTE: Texto com base no Jornal Gazeta do Sul, 13/01/2001- NQ

                                                Praia de Santa Vitória no rio Jacuí

JORNAL “a FOLHA”



Como já dissemos, o acervo do AHM inclui a coleções de jornais de Rio Pardo de 1950 a 1956 e do jornal “a Folha”, a partir de julho de 1957. Já falamos sobre o Jornal de Rio Pardo; hoje, falaremos sobre o surgimento do Jornal “ a Folha”.
O jornal “a Folha” surgiu em 29 de junho de 1957. O diretor era Azuil Cintra e tinha como gerente Albino Braum. O exemplar que nos serviu como fonte é o nº 2, pois no arquivo não possui o nº 1.
O redator começou a matéria dizendo: “Rio Pardo tem o seu jornal” e prossegue: “As manifestações de carinho que recebemos no decorrer da semana, por motivo do surgimento de “a Folha”, foram tantas e tão expressivas, que já neste segundo número, reservamos este espaço especial para externar a nossa satisfação, o nosso desvanecimento pela acolhida que merecemos do povo rio-pardense”.
A edição publicou também os votos de congratulações das câmaras de vereadores de Rio Pardo e Santa Cruz do Sul: “O Colégio Legislativo” de Rio Pardo, por proposto do Vereador Herly Dorneles, aprovou, por unanimidade, um voto de congratulação pelo aparecimento de “a Folha”, novel órgão da imprensa local, que veio preencher a ausência da imprensa escrita em nossa terra.
A homenagem da Câmara de Vereadores é, sem dúvida, um incentivo valioso à nossa inamovível intenção de fazer e dirigir a imprensa de Rio Pardo, dentro dos mais alevantados princípios da ética e da moral.
Também, por proposta do vereador Dr. Patrick Farion, a câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul aprovou, por unanimidade; um voto de congratulações pelo surgimento de “a Folha”, que se propõe ser mais um órgão da imprensa gaúcha a refletir a evolução econômica, social e política de uma ponderável parcela do povo rio-grandense.
“a Folha’ recebe a homenagem em nome da gente rio-pardense que nutre, pela laboriosa e dinâmica população de Santa Cruz, e mais profunda admiração”.

FONTE: Jornal de Rio Pardo dez/ 2001, Coluna Recordando o Passado do AHMRP.


CALÇAMENTO DE RUA



Rua Senhor dos Passos observem como eram os calçamentos inicialmente em Rio Pardo. As ruas eram calçadas apenas com lages para o passeio das pessoas e colocadas pedras na sarjeta da rua para que a terra não saísse com as águas da chuva, protegendo a rua de desabar e o resto da rua era terra, chão.

FONTE: Fotos do Sr. Raul Silveira

terça-feira, 8 de maio de 2018

VOCÊ SABIA QUE...





 Rio Pardo teve vários jornais no final do séc. XIX e início do séc. XX: A Alvorada, Boêmio, O Coringa, Correio de Rio Pardo, Diabo a Quatro, A Imprensa, Lutador, O Mensageiro, A Orientação, Pátria, Patriota, 1º de Março, A Restauração, Rio Pardo, O Vergalho.
O Jornal O Patriota e o Pátria são exemplares impresso em tecido do ano de 1889 e o Pátria.

FONTE:  Arquivo Histórico Municipal





VOCÊS SÃO CAPAZES DE DESCOBRIR ONDE FICA ESTE LUGAR HISTÓRICO?


RIO PARDO !

Lugar de muitas histórias a serem descobertas....



domingo, 6 de maio de 2018

EXPOSIÇÃO DA COMISSÃO ENCARREGADA DA VISITA ÀS PRISÕES CIVIL E MILITARES, APRESENTADA À CÂMARA MUNICIPAL DA VILA DE RIO PARDO (1843)


A Comissão incumbida por esta Câmara, para visitar as prisões Civil, e Militares por virtude do que dispõe o Artigo 56 da Lei de 1º de outubro de 1828, passa a expor o que de seus trabalhos colheram.
Chegada que fosse a Comissão à Prisão chamada Militar, não viu mais que um (?), em virtude de ser um pequenino quarto, tão estreito como escuro, colocado no centro de uma casa, que por cima serve de enfermaria às praças estacionadas nesta Vila; sendo inteiramente prejudicial o recebimento de presos em tal prisão. A Comissão está inteirada haverem nela presos, porque os encontrou.
Passando a Comissão à prisão do Hospital Regimental, nada teve a notar, pela maneira com que estava de asseio e claridade.
Passou a Comissão à Prisão Civil, mas que, a Comissão cheia de pasmo, e de horror, não deu lugar senão para admirar a maneira porque vivem os miseráveis que por suas desgraças ali vão jazer, já pelo fétido que exala, e já pelo ar pestilento que respira.
Senhores, a Comissão reclama séria atenção para este edifício; ele acha-se em tudo arruinado, nas circunstâncias de muito breve desmoronar-se; suas paredes estão caindo, o chão, de contínuo deve estar úmido pela sua pequenez, e por causa das duas elevadas janelas, em uma extraordinária altura. As tarimbas que servem de leitos aos miseráveis, parte já não existe. A prisão que dizem servir para as mulheres, o soalho acha-se todo arruinado, e só se divisam rombos por diversos lugares do chão. As outras salas, todas estão em mísero estado, o que tudo se faz necessário um pronto reparo; apesar que, a Comissão não aprova que esta prisão sofra reparo algum; porém enquanto pela ordem de coisas senão remova para lugar ventilado, e com comodidades próprias adjacentes à sua limpeza como é o novo edifício que paralisado ficou, e são necessários em seu andamento. É parecer que algum reparo se faça, a fim de que possam com mais desafogo e limpeza ex tenha de ali entrar.
Senhores, nada se faz mais digno de atenção que estes Cárceres: esta Câmara, movida de um zelo patriótico e filantrópico, deve cooperar para que minore os males que cercam aos infelizes que encarcerados estão, e dos que poderão estar; e bem persuadida está a Comissão que sendo um dos principais deveres da humanidade, julga de sua parte estar satisfeito.
Por este motivo, a Comissão tem a honra de levar perante VV.SS. sua fiel exposição, a fim de que, por ela mereçam aqueles infelizes uma habitação mais salutar.
É o quanto tem a Comissão a expender a VV.SS. que farão o que for de justiça.
Rio Pardo, 22 de fevereiro de 1843
(Assinaturas: Joaquim José da Silveira, João Antonio Nunes, Luis dos Santos Paiva, João Rodrigues Palhares, Zeferino Ubaldo Salgado)

REFERÊNCIA:
Transcrição com grafia atualizada de documento do Livro nº 35 – 1843  – p. 70 – 71,  do acerco do Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo

sexta-feira, 4 de maio de 2018

DISPUTAS PARTIDÁRIAS



 De acordo com o escritor, jornalista e professor Sérgio Dillenburg, organizador e primeiro diretor do Museu de Comunicação Social  Hipólito da Costa, a imprensa  antiga do Rio Grande do Sul  se caracterizava pelas disputas partidárias e pelo uso de uma linguagem violenta.
  Para cada ação, havia uma reação. Em 1838, em pleno período Farroupilha, foi lançado o Jornal O POVO, pró-farrapos. Em contrapartida surgiu O MENSAGEIRO, em defesa dos legalistas.
A guerra, conforme ele inibiu o crescimento dos jornais no Estado, pois havia dificuldades para a aquisição de papel, tipos móveis, tinta e outros produtos importados da Europa. Além disso, os tipógrafos eram escassos e os leitores eram poucos, fruto do alto índice de analfabetos.
Nas três décadas que se sucederam à Guerra dos Farrapos (encerrada em 1845), a imprensa sofreu com o empobrecimento da população e da economia em geral.

Obs.: No Arquivo Histórico temos exemplares encadernados destes jornais da Revolução Farroupilha (1835/1845).

FONTE; Rio Pardo 200 anos, Cultura, Arte e Memória, 2010 Pg. 85.




JORNAL DE RIO PARDO II



Em 1952 começa a segunda fase do jornal de Rio Pardo sob a direção de Biágio Soares Tarantino junto de Olívio da Luz, tendo Albino Teodoro Braum como Diretor – Gerente.
Dessa fase o Arquivo Histórico guarda exemplares até 16 de dezembro de 1956.
 Hoje transcrevemos a apresentação dessa nova fase, feita por Biágio Tarantino com o texto
“A Missão do Jornal de Rio Pardo”:
“ A Grande missão que se reserva o Jornal Rio Pardo, nestes dias de confusão de valores, de desorientação doutrinária, de violentas manifestações de interesses e de classes, a cuja sombra agem os apetites violentos dos exploradores  de situações, a grande missão que cumpre igualmente, a todos os jornais brasileiros, é, acima de tudo, orientar e doutrinar.
Doutrinar a boa doutrina que é aquela que se origina da consideração superior dos problemas e dos acontecimentos  humanos e nacionais.
(.....)
Quando no seio de todas as paixões e de todos os ódios e malquerenças, o interesse imediato, do emprego do cargo, da autoridade, do prestígio e da amizade pessoal houver entorpecido o povo, como um anestésico, mais do que nunca se torna necessária à voz nítida de uma consciência perfeita da realidade, para prevenir os incautos e mostrar, através de todas as sombras de uma hora crepuscular, o caminho seguro do direito, da decência, da moralidade e da consciência nacional.
(.........)
E uma nova era de viva compreensão nacional deverá chegar, assinalando o advento de uma geração realizadora e forte. É para essa geração que o Jornal de Rio Pardo deverá falar.
Elevemos, pois, a nossa imprensa. Elevemo-la, afastando-a do contato com os que agem no plano dos interesses materiais e políticos. Isentemo-la do furor que se aninha no coração dos partidos, do ódio surdo ou da afeição excessiva que se oculta no íntimo dos grupos, porque, pior do que a imprensa servil que leva diariamente o prato dos escândalos e dos comentários tendenciosos à voracidade de uma opinião pública desorientada, é a imprensa hipócrita que deturpa os fatos e a visão dos problemas ao sabor das próprias conveniências ou para servir aos interesses ocultos daqueles que chafurdam a lama da calúnia, da injuria ou da imortalidade que putrefaz e fulmina, emprestando todo o ambiente moral de uma sociedade.
Em sua nova feição de órgão noticioso, informativo, o Jornal de Rio Pardo, consciente da sua grave responsabilidade, assume perante o povo de sua terra a missão elevada e sublime que a Pátria tem o direito de exigir da imprensa.
A partir de dezembro de 1956, os exemplares que aparecem nos volumes encadernados do Arquivo Histórico são Jornal “a Folha”.

FONTE: Jornal de Rio Pardo, 2001- Coluna do AHMRP  Recordando o Passado.





JORNAL RIO PARDO I




Na década de 50 do século passado, claro, tínhamos um jornal de Rio Pardo. O Arquivo Histórico possui exemplares de 1950 até 1956, em duas fases distintas. A primeira foi de 1950 a 1951, com a direção de Marco Antônio Ochoa Netto e participação de Carlos Pfeifer, Fernando Wunderlich e Antônio Machado. A segunda fase começa em 1952, com a direção de Biágio Tarantino.
Hoje vamos falar da primeira fase.  Transcreveremos a seguir  apresentação do Jornal, feita em outubro de 1950 por Ochoa Netto:”Já era tempo de Rio Pardo desperta de seu sono letárgico, para espalhar, por intermédio de um jornal, o seu ”modus vivendi”.
Por isto, resolvemos fundar este órgão de imprensa c om o nome de “Jornal  de Rio Pardo” e que será o legítimo defensor das causas e coisas públicas, propugnando pelo bem coletivo.
 A nossa apresentação é singela. Surgimos do nada, mas a nossa orientação será unicamente na defesa dos princípios que deverão conduzir Rio Pardo ao progresso e o trarão sempre em idênticas condições aos demais municípios, quer nas letras, nas artes, na prática ou na economia.
Seremos lidadores obscuros, porém firmes. Comprometemos-vos a apoiar intransigentemente qualquer cidadão e nos colocaremos na primeira fila quando este cidadão se propuser ou realizar algo pela felicidade do povo. O cidadão ou homem público.
 No entanto, se alguém quiser lutar contra o bem comum, terá em nós o combate merecido, porém, jamais usaremos da pena para caluniar, injuriar ou insultar, seremos os lídimos representantes de ideias e princípios e não de homens. Não nos interessará a vida privada de quem quer que seja.
 (...........) Usaremos o mesmo princípio do filósofo: não concordaremos com uma só palavra que dizeis, mas defenderemos com a própria morte o direito de dizê-las”, e adotaremos esta norma por lema.
O nosso combate será o combate da justiça e do direito social. Jamais nos curvaremos diante dos prepotentes.
Defenderemos Democracia por que é ela o único recipiente dos redivivos postulados da justiça, da liberdade e do direito da humana pessoa.
(.........) A esperança de vitória nos anima e pela generosidade e pelos sentimentos nobres do povo, levamos a certeza de que o “Jornal de Rio Pardo” vencerá não só espelho vivo dos anseios da população rio-pardense para o engrandecimento da nossa querida terra.
Eis, em sinopse, o que somos qual o motivo de nossa vinda e o que desejamos.
Assim, o “Jornal de Rio Pardo” saúda todos os rio-pardenses sem distinção de cor, sexo, riqueza, posição social, credo político ou religioso, na certeza que contará com o indispensável apoio de todos, contando de antemão com a acolhida por parte das autoridades civis e eclesiásticas e do povo em geral”.

FONTE: Jornal de Rio Pardo, 30/11/2001- Coluna do AHMRP  Recordando o Passado.


quarta-feira, 2 de maio de 2018

RIO PARDO 180 ANOS HINO RIOGRANDENSE

Neste ano de 2018, comemoramos os 180 anos da criação do Hino Rio Grandense, em nossa cidade histórica.Cidade de heróis Farroupilhas.

Momentos de valorizar um acontecimento histórico, em que muitos doaram a vida pela Pátria.

Uma retomada ao fato histórico "A Batalha do Barro Vermelho" 30 de abril de 1838. 

Um Marco da Batalha mais sangrenta da Revolução Farroupilha  em Rio Pardo


Fonte: Comemoração em Rio Pardo  180 anos do hino Rio Grandense

EXPOSIÇÃO DA COMISSÃO ENCARREGADA DA VISITA ÀS PRISÕES CIVIL E MILITARES, APRESENTADA À CÂMARA MUNICIPAL DA VILA DE RIO PARDO (1832)



A Comissão encarregada por esta Câmara para a visita das Prisões Civil e Militares por circulares de 19 do corrente mês, abrange em seu pensar ter cumprido com o determinado no Artigo 56 da Lei de 1º de outubro de 1828; e declara que destinou o dia vinte e um para seus trabalhos, e os concluiu.
Sendo que chegasse à Prisão Militar, se lhe apresentou antes de penetrá-la um edifício arruinadíssimo, e que se tornará úmido nos dias chuvosos pelo mau estado de seu telhado. Este edifício, Senhores, estava inabitado, talvez por este motivo; mas à Comissão consta haverem militares sentenciados como abaixo exporá: a sua escuridão é imensa, porque simplesmente tem uma pequena janela na frente, podendo pelo menos admitir duas, e mais rasgadas, a fim mesmo de que melhor se areje , e sua pequenez será insuficiente para mais de vinte homens se ali os houver: tem de comprimento quarenta palmos, e de largura trinta e oito; sendo admissível o podê-la prolongar mais. Uma tarimba arruinada é o leito dos desgraçados, e parte desta já não existe; porém um bom concerto  suprirá o dissabor com que a mesma Comissão olhou para um edifício nacional, que a se não reparar promete maior estrago, e que de certo passará ao Quartel obra tão útil, como necessária nesta Fronteira. Passando à Prisão do Hospital Regimental a viu com bom agrado, e transportando-se logo a de correção no Quartel aonde existe a Tropa, a viu com mágoa situada no vão de uma escada, não tendo mais de largura que cinco palmos. E será ali, Senhores, aonde se corrige os defensores da Pátria!!! A Comissão ainda o duvida! E não será difícil no verão suportar-se um tão pequeno estreito? Não será isto castigo sobre castigo, já havendo-se dissipado o tempo férreo? A Comissão tem julgado a forma de melhorar-se esta Prisão, e é, que uma parede de paus a pique que a separa de um dos lances dos Armazéns Nacionais do extinto Almoxarifado, pode-se muito bem derrubar, e com diminuta despesa ficar decente. Daqui, Senhores, foi a Comissão ao sobradinho do mesmo Quartel, que serve de prisão aos Oficiais Militares, e achou-se somente o telhado arruinado, paredes, parte do assoalho e forro; porém dirigindo-se a mesma, aos presos sentenciados a trabalhar, os viu, e lhes inquiriu sobre o seu passadio, eles certificaram ser bom, e igual a qualquer outra praça do Corpo que estivesse gozando da sua liberdade.
A Comissão deixando as Prisões Militares, passou à Civil; porém que pasmo! Que horror!!! E que repugnância de olfato! Entrou, e viu um Cárcere de vinte e sete palmos de comprido, e vinte e cinco de largo com vinte e um presos, sendo as paredes centrais de pau a pique, e já lhes caindo o reboco. Que alegria, Senhores, conheceu-se na fisionomia dos encarcerados com a inesperada visita” Porém, o quanto eles se alegraram, a Comissão sucumbiu com o pestífero hálito, e a vista da nudez que sofriam aqueles infelizes; e alguns com mais de ano de prisão, assim como Jacinto Hipólito, Manoel escravo de Francisco da Costa Maya, e Manoel escravo de Antonio Cardoso há dois anos, todos com pesadíssimos grilhões, e outros que se não ousa aqui declarar com meses de prisão, inteligenciando à Comissão, que suportavam ferros por falta de segurança da mesma Prisão; e que em muitos dias se lhes relavam as entranhas pela fome; e o que só os punha (às vezes) salvo disto, eram as escassas esmolas que das janelas agenciam de pessoas que transitam pela frente do mesmo Cárcere.
Esta Prisão, Senhores, está falta de recursos para persistirem os desgraçados. Constituição e Filantropia ainda não apareceram aos presos da Cadeia de Justiça.
Esta Câmara movida de patriotismo, e humanidade deverá por termo aos flagelos destes infelizes. Ora, o local desta Prisão, é numa Rua, e a mais pública desta Vila, onde infesta com asqueroso hálito a vizinhança pela falta de comodidades para limpeza; mas sendo que por falta de meios (o que a Comissão não aprova) não se possa removê-la à lugar onde seja bem arejada, e com comodidades adjacentes para sua limpeza, e despejos; então se poderá estender até a extremidade inferior da Casa, ficando com duas janelas na frente, duas no fundo e sendo admissível da parte do corredor do portão aonde favorece o nordeste romper outras duas, então será algum tanto ventilada; e assim ficam extintas as trevas de dois pequenos, e estreitinhos corredores horrorosos que se chamam – Segredos -: martírio este tão indecoroso, como impróprio de um Povo livre. A mesma Casa que foi construído de princípio para habitação de família, desmanchando-se paredes, a Comissão a julga com cômodos para prisão; porém reparou ela não ter uma sala ainda mesmo insuficiente para presos de pouca monta, ou de correção, vendo até um indivíduo que na noite antecedente tinha sido preso policialmente, junto aos criminosos agrilhoados. Ali, Senhores, também se viu dois escravos deitados em cima de pedras quase aguda que ladrilham a prisão, e debaixo da tarimba, surrados cruelmente, e por isso enfermos; e não será desumanidade em um País liberal, ver o rigor com que se castiga um homem que só tem o defeito, ou infortúnio de ser cativo? Serão eles menos sensitivos aos demais homens? Passada que fosse a Comissão ao Cárcere das mulheres, aonde existia uma preta fugida que exercitava as funções naturais no próprio assoalho da prisão, como se observou; e atribuiu-se falta de humanidade o não se por um vaso próprio para tais desenvolvimentos.
Senhores, a reforma que a Comissão julga nesta Prisão, é em tudo: ela nada mais conhece tão digno de atenção, bem que saiba que a beneficência é uma arte muito difícil; porém não no Brasil nossa Pátria.
O orgulho que a mesma Pátria tem abatido, e que sempre foi um dos principais móveis da crueldade, deprimindo o quanto se deve aos homens, está hoje dissipado.
Conhecida agora a filantropia que caracteriza os Ilustres Membros desta Câmara, espera a Comissão ver remediados os males, e as misérias que atenuam a humanidade encarcerada. Este, Senhores, é dever sagrado; e do contrário para que será preciso informações tais, e de objetos que causam tanta dor, se não procura instantaneamente derrubar ou melhorar o mal, que os torna prejudicialmente?
Rio Pardo, 24 de janeiro de 1832.
(Assinaturas: Ricardo Antonio de Melo, José Ferreira Gomes Filho, Perseverando Rodrigues Ferreira, Zeferino Rodrigues Ferreira, José Antonio Gonçalves)

REFERÊNCIA:
Transcrição com grafia atualizada de documento do Livro nº 22 – 1832  – p. 74 – 76v,  do acerco do Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo