sábado, 17 de fevereiro de 2018

EXISTIU O “REGIMENTO DE DRAGÕES DO RIO PARDO”

Recebemos do Diretor do Museu do Estado, prof. Dante da Laytano, a seguinte carta:
Senhor Diretor do DIÁRIO DE NOTÍCIAS – Cumprimentos.
Tive ontem o prazer de ler a esplêndida edição de aniversário do DIÁRIO DE NOTÍCIAS onde, infelizmente, encontrei a transcrição de um parecer negando a existência do “Regimento de Dragões do Rio Pardo”, o que não está de acordo com a verdade histórica.
Quando da publicidade da citada opinião contra o Diretor do Museu do Estado, permiti-me, noutros termos, dizer mais ou menos o seguinte:
- Fui convidado pela cidade de Rio Pardo para presidir a Comissão de Comemorações do Bicentenário do “Regimento dos Dragões de Rio Pardo” e, portanto, se alguém deu fato por consumado, evidentemente que não foi eu. Apenas me limitei aceitar tão honroso encargo. Porque estou firme em acreditar na existência do “Regimento de Dragões de Rio Pardo”.
- Aurélio Porto escreveu, como sempre, magistral estudo – “O Regimento de Dragões do Rio Pardo na Expansão Geográfica do Rio Grande do Sul” (Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, III e IV Trimestres do ano VI). As afirmações do mestre devem ser respeitadas;
- Historiadores militares do Rio Grande do Sul, tais como os Generais Paula Cidade, Borges Fortes, De Paranhos Antunes e os tenentes-coronéis   João de Deus Noronha Mena Barreto e Rêgo Monteiro (Diretor do Arquivo do Exército), além de muitos outros, referem-se tacitamente em todas as passagens e oportunidades da crônica de nossos feitos ao “Regimento de Dragões do Rio Pardo”;
- Os historiadores civis do Rio Grande do Sul aludem as obras e vitórias do “Regimento de Dragões do Rio Pardo”.
- Coube ao Sr. Biagio Tarantino, diretor do Museu do Rio Pardo, defender a verdade, fazendo triunfar os fatos, dando à histórica e invicta cidade, fronteira colonial do século XVIII e capital provisória da Capitania de São Pedro, mais um título que lhe cabe: sede do “regimento de Dragões do Rio Pardo”, durante quase um século.
Pois, ignorando-se que a tradição faz a própria história e que se o Regimento não era do Rio Pardo, lá esteve aquartelado mais de oitenta (80) anos, o que é respeitável acontecimento.
Bem, nas “Coleções das Leis do Império do Brasil”, volume I, tomo correspondente de 1822 a 1825, à página 400, figura o Decreto de 1º de dezembro de 1824, que dá nova denominação às forças do Exército Brasileiro.
O que se lê? Simplesmente isto: que a antiga denominação de “Regimento de Dragões do Rio Pardo” será substituída pelo novo nome – 3º Regimento de Cavalaria Ligeira.
O decreto é assinado por S.M. D. Pedro I e pelo seu Ministro da Guerra, Brigadeiro João Vieira de Carvalho.
Se o Regimento de Dragões do Rio Pardo nunca teve o nome de Regimento de Dragões do Rio Pardo, por que o Imperador e alta patente do Exército de após a independência, na redação de um decreto oficial, chamam ao Regimento da cidade histórica, de Regimento de Dragões do Rio Pardo?
Concluindo, resumo os argumentos que mostram a existência dos Dragões de Rio Pardo: a) argumentos baseados nos textos dos historiadores gaúchos (com pouquíssimas exceções); b) argumentos baseados na pesquisa, com o caso de Aurélio Pôrto e De Paranhos Antunes; c) argumentos baseados na tradição, pois não é possível desprezar perto de um século de existência no Rio Pardo de um regimento de cavalaria; d) argumentos baseados em documentos oficiais, nos quais se pode consubstanciar a lei achada por Walter Spalding e divulgada por Biágio Tarantino (Decreto Imperial de 1º XII 1824).
Queira aceitar, Sr. Diretor, as minhas felicitações pelo aniversário do DIÁRIO DE NOTÍCIAS, aliás, ocorrido a 1º de março, o meu reconhecimento pela publicação destacada de um capítulo de minha monografia que está na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e a minha gratidão por permitir que eu defenda as tradições da ilustre cidade do Rio Pardo. (a) DANTE DE LAYTANO (Diretor do Museu do Estado e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul).


Referência: Recorte original do jornal “Diário de Notícias” de 2 de abril de 1957, sem indicação de página.

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