segunda-feira, 2 de outubro de 2017

A ERA ROMÂNTICA QUE FEZ A HISTÓRIA DE UMA COMUNIDADE III


Prosseguindo a narrativa de um grande momento vivido pelo bairro de Ramiz Galvão, vamos falar sobre a “Associação Recreativa Ferroviária”, nascida do idealismo de uns abnegados, que sonhavam em construir um clube classista e de característica operária. Houve sucessivas reuniões sob liderança do Sr. Arlindo Teixeira, devidamente escudado pelo  que era seu braço direito  nesta empreitada, Sr. Mariano Guimarães e Tais, a colaboração importante dos Srs. Rafael Teixeira, Nelson de Barros, Luiz C. Teixeira, Juca Teixeira e João Oscar Fahrion e tantos outros.
Seu Marino Guimarães, retirou um empréstimo de hum mil reis na caixa dos ferroviários e adquiriu o terreno e, a partir deste momento, iniciaram a construção na forma de cotização, no local onde hoje é situado o Centro Comunitário Arlindo Teixeira ( este senhor merece uma matéria a parte, porque era um grande empreendedor, inclusive, foi o que idealizou e concretizou a rede de energia do bairro, comprando em bruto da VFRGSUL e revendendo).
 A Sociedade foi oficialmente fundada em 25 de fevereiro de 1934, tendo como seu primeiro presidente o sr. Arlindo Teixeira, oferecendo como divertimento  para os seus associados, bailes, reuniões dançantes, bolão, cancha de bocha, mesa de biliar, ping-pong, além  de um excelente local para confraternizações, que era sua churrasqueira( que muito bem lembro) quando era transferido um ferroviário ou cooperativista, ali se faziam as homenagens de despedida.
“A Sociedade teve vários blocos carnavalescos, entre os quais:” VAI COMO PODE”, “NÃO ESTOU LIGANDO”(1940), “OS ATRASADOS”(1934) “OLHA E DEIXA” (1943), os dois últimos com sua marcha própria, cujos compositores eram os integrantes do bloco.
 O Bloco  “Vai como Pode” era de casados e tinha como um dos seus componentes o casal Silvio e Etelvina Machado, pais do goleiro Machado, do Grêmio F. Porto-Alegrense.
Quando da inauguração dos pranchões de bolão da A.R. Ferroviária, o Sr. Arlindo Teixeira, juntamente com sua esposa Sra. Etelvina e autoridades, convidaram a sra. Nazira Cassep para que atirasse a bola inaugurando os pranchões.
O Bloco “Olha e Deixa” teve como a sua rainha  Srta. Reni Rodembusch e o “Sai da Frente “ uma moça com o nome de  Iris (pelo que nos consta é hoje moradora da Boa Vista).
 Dedentro da ARF formaram-se dois conjuntos musicais, o PAOLAN ( Paulo, Antoninho e Olavo), que era formado pelos três senhores, mais, o Paulo Barroso como vocalista. Enio na Bateria e José Líbano  no pandeiro. O outro conjunto era o da família Guimarães, formado pelos irmãos  Nice, Velço Antoninho Moraes, Nei Torres, Filhinho e João Faz Tudo, e no  Sax o Sr. Biagio( pai do Miruca). No bairro, existiu em famoso time amador, o Couto F.Clube, que realizava suas festas de aniversário na A.R.F. com os convites devidamente confeccionados e alertando que não seria permitido a entrada de menores de 14 anos.
A.R.F. proporcionou bailes muito interessantes ao longo dos anos, mas os que mais marcaram, foram com as presenças das orquestras “Cassino de Sevilha” e Marimbas de Cusclatan, que faziam turismo pelo  Brasil, e apresentaram-se nesta sociedade, num dia de semana.
Também atuaram em seus bailes de Carnaval as orquestra- Jaz ideal  e Batucada (antecessor do Cassino de Sta. Cruz).

 Entre os anos de 1977/ 80, foi efetuada uma reunião, com o então Prefeito Fernando Wunderlich para tratar do encerramento das atividades da A.R.F. O Sr. Velço Guimarães foi mediante, procuração representar seu pai Marino Guimarães, levando o documento que constava a propriedade do terreno da entidade e em seu nome, passava os direitos para a Prefeitura Municipal. Assim encerrou um importante ciclo cultural, de alegria e  reuniões familiares da  classe ferroviária no bairro de Ramiz Galvão.

FONTE: Jornal de Rio Pardo - 2003      Reportagem do sr. Valmir N Lopes  AHMRP

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