sexta-feira, 30 de junho de 2017

O ALMIRANTE NEGRO E A REVOLTA DA CHIBATA

Maus tratos na Marinha levaram a Revolta da Chibata, que teve João Cândido como líder. "A revolta nasceu dos próprios marinheiros para combater os maus-tratos e a má alimentação da Marinha e acabar definitivamente com a chibata. Nós que vinhamos da Europa, em contato com outras marinhas, não podíamos admitir que na Marinha Brasileira ainda o homem tirasse a camisa para ser chibateado por outro homem."Assim, o Almirante Negro, justificou a rebelião que estourou entre os marujos em 1910. Houve uma reunião com o presidente da República, mas não houve proposta para ser atendida às reivindicações. N dia 21 de novembro, um marujo sofreu uma sessão de chibatadas no encouraçado Minas Gerais. Foi a gota dágua. Entre  22 e 27 de novembro, cerca de 2.300 marinheiros dominaram quatro navios de guerra e apontaram os canhões para o Rio de Janeiro. Os rebeldes exigiam o fim das torturas. Muitos morreram e vários ficaram feridos. João Cândido  líder  da rebelião, foi preso nas Ilhas das Cobras,  muitos homens ficaram trancados em celas solitárias. Todos morreram, com exceção de João e outro gaúcho, João Avelino Lira.


FONTE: UMA LUZ PARA A HISTÓRIA, RIO PARDO 200 ANOS, 2010.




QUEM FOI JOÃO CÂNDIDO

      João Cândido Felisberto,nasceu em Encruzilhada  do Sul em 24 de junho de 1880, na choupana onde viviam seus pais,os escravos João Cândido e Ignácia Felisberto.
      Ele costumava dizer que era de Rio Pardo e, às vezes, de Encruzilhada do Sul, que se emancipara da Cidade Histórica em 1849. A fazenda onde Cândido nasceu, na Coxilha Bonita  da Serra do Herval, pertence hoje ao município de Dom Feliciano. Mas foi  em Rio Pardo, cidade portuária que, ainda criança, ele viu o primeiro cais e as primeiras embarcações, vislumbrando o que seria seu futuro. Talvez por isso se considerasse um rio-pardense.
      Ainda em Rio Pardo, João Cândido conheceu o futuro almirante Alexandrino de Alencar, que o encaminhou para a Marinha aos 14 anos de idade. Alistou-se no Arsenal de Guerra do Exército, em Porto Alegre, em agosto de 1894. Percorreu todo o litoral brasileiro e navegou pela África, Europa e Américas.Em dezembro de de 1900, foi alçado à condição de marinheiro de 1ª classe.

FONTE: Uma luz para a história do Rio Grande, Rio Pardo 200 anos





Casa do Almirante Alexandrino
Fazenda em Encruzilhada do Sul

quinta-feira, 29 de junho de 2017

DADOS BIOGRAFICOS DE UMA RIO-PARDENSE

     Florina de Castro Lisbôa nasceu em Rio Pardo em 30 de outubro de 1913. Seus primeiros estudos foram na Escola Estadual Amaral Lisbôa,continuando no então Colégio Elementar Ernesto Alves, tendo como Diretoras e professoras as estimadas mestras Carlinda de Amorim Barroso e Celina Aveline Mena Barreto Torres.
    O curso primário  foi concluído no Instituto Nossa Senhora Auxiliadora. O ginasial foi no Curso Ginasial  Ruy Barbosa,prestando exames no Colégio Júlio de Castilhos, ambos em Porto Alegre. Fez o curso de normalista na Escola Normal Ernesto Alves,onde se formou em 1957.
    Sua vida de professora foi muito atribulada. Lecionou em diversas escolas do município e foi diretora municipal da educação durante sete anos. Em 1946 criou a aula noturna para adultos na Aldeia São Nicolau. Em  sua gestão como diretora de instrução foram criados os Grupos Escolares Dr. Pedro Borba, Rio Pardo e Taquari Mirim; todos como aulas municipais, que mais tarde passariam para o Estado como Escolas.
     Sua vocação poética manifestou-se desde o período escolar,quando já redigia acrósticos com o nome das  colegas. Manteve, ao longo de todos esses anos, extensa colaboração em jornais e revistas de todo o estado.Colaborou no Minuano(jornal de Passo Fundo), no Diário Serrano de Cruz Alta. Colaborou para a fundação de um Jornal em nossa cidade no ano de 1950, vendendo poesias suas impressas num folheto. Tem sido colaboradora de todos os jornais que têm circulado em Rio Pardo.

   FONTE: Livro Pétalas Dispersas, Poesias. Gráfica Ouro Branco, 1980
                 Arquivo Histórico Municipal

segunda-feira, 26 de junho de 2017

QUILOMBO BELA CRUZ

No Rio Grande do Sul a influência afro inicia-se em 1809, quando da criação dos quatro primeiros municípios da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul. Rio Pardo abrangia grande parte deste território, e, por seu caráter comercial e localização geográfica teria facilidade em incorporar ou vender escravos via tráfico interno, pois possuía um importante rio navegável que favorecia o escoamento até o porto de Rio Grande ou para a capital e vice-versa.

            A contribuição cultural dos escravos negros é enorme, na religião, música, dança, alimentação, língua, temos a influência negra, mesmo com a repressão que sofreram.

E é neste contexto rio-pardense que se encontram as terras da fazenda de Dona Jacinta dos Santos, senhora viúva, dona de escravos, que segundo relatos dos habitantes locais, rezava junto com seus escravos colaborando para inserção destes na religião católica.

Dona Jacinta era uma mulher boa e deu a terra para os negros, quando ela faleceu deixou para seus escravos toda a terra, para que ali vivessem, no entanto, boa parte destas viria a ser deles tomada pelos fazendeiros lindeiros conforme relata a advogada Regina Tarantino Velasco através de depoimento.

Após a morte de Dona Jacinta, os escravos resolveram construir uma capela, para pudessem praticar a religião católica, foi então construída a Igreja da Imaculada Conceição da Bela Cruz, sendo mais antiga que a igrejinha dos brancos construída próxima a esta, anos depois. No local existem duas igrejas, uma ao lado da outra, a dos negros e a dos brancos....

FONTE:
Texto Renatta Meister

KRAMER, Érica (diretora geral). DVD Cultura Rural: Cultura nos Quilombos. Produzido por Arte Digital Vídeo. Porto Alegre: 2006.

TRADIÇÃO AFRO-RIOGRANDENSE



Dentro das comemorações do 
13 de maio estava marcada uma festa folclórica organizada pela Irmandade de N S da Conceição dos Pretos, que seria realizada no Rincão dos Pantas outrora propriedade de D.Jacinta Ana Maria de Jesus de Sousa e onde os 87 escravos dessa bondosa senhora, em dias de festa, promoviam danças e outros rituais tradicionais no povo de sua origem..... por causa do mau tempo... a festa aconteceu no pátio da Casa da Criança com numerosa assistência.... Galvão Krebs e Paixão Cortes...satisfeitos por presenciar grande espetáculo.... 

 FONTE: Jornal de Rio Pardo 20 /05/1954 AHMRP

EXPOSTOS EM RIO PARDO 1815


No AHMRP existem muitos documentos sobre criação de EXPOSTOS, que eram crianças enjeitadas por pessoas que não queriam ou não podiam criar, então abandonavam as crianças nas portas de casas geralmente alguém com condições , mas mesmo assim a Câmara pagava para a sua educação, criação. Era necessário a certidão de vida , dado pela Igreja.

TRANSCRIÇÃO DE DOCUMENTO ORIGINAL

                                                                          Ilmo. Snr. Vigro. da Va.
Diz D. Dorotheia Victorina Caetana da Silva que Ella precisa mostrar por Certidão se o minino Jose exposto em sua caza em 30 de Novembro do anno passado de 1814, ainda existe ou não com vida, por tanto.
P. a V.S. se digne mandar – lhe passar a dita Certidão que há de constar dos livros de Assento desta Matriz.
Espera mercê

FONTE: CG nº 04 1815 pg. 121 AHMRP

sábado, 17 de junho de 2017

CÓDICES GERAIS DO ARQUIVO HISTÓRICO RP

Nestes Códices Gerais que se encontram no arquivo histórico tem uma variedade de tipos de documentos manuscritos( requerimentos, pagamentos com obras públicas, óbitos, cartas de naturalizações, relatórios sobre necessidades do município), importantes para estudos universitários. Nos códices existem documentos desde 1809 a 1946.

 FONTES: AHMRP.

NOTÍCIAS CULTURAIS DE RIO PARDO EM 1888

                            AULAS E SOCIEDADES
A 25 de outubro de 1888 o Clube Literário aprova entusiasticamente a ideia apresentada pelo sócio Antonio Candido Ribeiro da criação de uma Biblioteca  Pública em salões da sociedade; sendo nomeado uma comissão de organização. Aluta vai travada,e dentro em pouco tempo o Clube terá  mais esta fulgente estrela na sua aureola de Glórias na Biblioteca Popular. ...
Apesar dos maus vaticínios e da falta de apoio  dos  mais abastados o Clube marcha desassombrado, tendo por fito a humanidade e o patriotismo por sólido pedestal as belas bases de seus estatutos:
                 Art. 1º:  Estreitar as relações sociais entre os cidadãos  que dele fizerem parte;
                 Art.2º: Animar e desenvolver a instrução literária por meio de palestras, conferências e escritos públicos na imprensa;
                 Art.3º: Proporcionar um centro de diversão aos associados e suas famílias onde encontre passa tempo útil em concertos, danças e jogos;
                 Art.4º: Manter um curso noturno  e gratuito de instrução para ambos os sexos.
Na época o Clube tinha um excelente biliar, o que muito deve-se aos esforços do Sr. Apolinário Ferreira, e outros vários  jogos; da soirêes; mantem uma escola e trata de criar uma biblioteca, sendo aquela como esta pública, franca, do povo. 
Já não é pouco em uma sociedade pobre como a nossa. O movimento de sócios no Clube tem sido este: entradas 147, saídas 63, existem 83 e 1 benemérito.
O Jornal Patriota, que não regateia aplausos em prol de tudo aquilo que representa o esforço da boa vontade guiada pelo justo e pelo honesto, sauda com phenesio o Clube Literário Recreativo.

FONTE; Jornal Patriota, 1889. AHMRP

domingo, 11 de junho de 2017

RIO PARDO E A REVOLUÇÃO FARROUPILHA

Em 1835 os ânimos estavam exaltados em Rio Pardo. Liberais e Caramurus se enfrentavam violentamente. Em janeiro haviam ocorrido violentas escaramuças nas ruas da Vila e foi instaurado um processo para apurar responsabilidades. Este processo causou os episódios ocorridos em abril daquele ano, narrados por Coruja Filho.

Tumultos graves ocorreram, então, na Vila de Rio Pardo, em Viamão, Cachoeira e particularmente em Porto Alegre, onde Pedro Boticário, pelos exaltados tudo fazia para tornar mais encarniçada a luta.
            
Rio Pardo foi teatro de cenas muito graves, em janeiro de 1835; os exaltados e principalmente o chefe José Mariano foram acusados como sediosos pelos retrógrados.
Houve denúncia e início de processo a que não deu andamento o prudente Juiz de Direito Rodrigo Pontes, empenhado em ver serenados os ânimos. Não bastava, porém, a prudência para conter os excessos a que a febre partidária arrastava os homens das duas parcialidades.
Diariamente as provocações e os rompimentos se reproduziam. Mimoseavam-se os adversários reciprocamente com a linguagem mais desbragada. Qual primava em inventar epítetos deprimentes, apelidos desprezíveis e insultuosos para aplicar ao seu inimigo.
Os exaltados chamavam aos retrógrados – galegos, caramurus, homens do fogo, isto é, da tirania militar, restauradores, absolutistas, escravos do Duque de Bragança, corcundas, camelos, carimbotos, etc. ao passo que os que recebiam estas denominações pagavam-nas com outras não menos lisonjeiras, como – farroupilha, farraços, anarquistas, pés de cabra, etc. (aludindo à mestiçagem de alguns filhos do país), de onde a célebre paródia à brava gente brasileira.
                Pobre gente brasileira
                Descendentes de Guiné!
                Trocaram as cinco chagas
                Pelo fumo e o café
E ainda a quadra Já podeis filhos da Pátria, que foi transformada em versos indecentes.
Uma destas alusões fizeram ao vivo alguns portugueses e restaurados de Rio Pardo, apresentando no sábado de Aleluia de 1835 algumas figuras de Judas erguidas em altos postes e ornadas de cornos e pés de cabra.
Um mulato escravo, que vociferava pela manhã, diante de uma dessas figuras alusivas, insultando os seus autores, foi  inopinadamente abatido por um tiro de espingarda, que partira da casa fronteira. Espalhou-se grande comoção pela vila.
Começaram as recriminações e por pouco se não feriram conflitos à viva força.
Informado deste estado de coisas, o Governo Provincial insensatamente o agravou, mandando proceder à continuação dos interrompidos processos de janeiro.
Reconhecendo os perigos a que se iriam aventurar, afrontando ódios e paixões, nenhum dos juízes de paz quis tomar parte nesta questão e todos escusaram-se, declarando-se suspeitos, menos o ousado retrógrado Casemiro de Vasconcelos Cirne.  Não o demoveram pedidos de amigos nem ameaçadores avisos anônimos. Numerosos grupos de homens mascarados penetraram inesperadamente, pela noite, em casa de Cirne e exigiram-lhe a entrega dos autos do processo, ameaçando-o de pistola no peito. Conta-se que nessa ocasião uma filha do animoso juiz de paz acercara-se do que se parecia o chefe do bando, e arrancara-lhe a máscara, com uma coragem que não era de esperar no seu sexo. Ao mesmo tempo, Cirne, que também armado, disparara a sua pistola contra esse indivíduo, arrancando, a bala, a última falange de um dos dedos da mão do alvejado. Esta resistência determinou a morte do infeliz e intrépido retrógrado, que ali mesmo caiu.
Essa cena de sangue, que deu brados em toda a Província e precipitou a Revolução, coincidiu com a abertura da Assembléia Legislativa Provincial em 20 de abril, a qual reunia-se pela primeira vez no Rio Grande do Sul, eleita em virtude da Lei Constitucional de 12 de agosto de 1834 que, entre outras reformas, estabelecera a dos Parlamentos Provinciais.”


CORUJA FILHO (Dr. Sebastião Leão). Datas Rio-Grandenses. Porto Alegre: Editora Globo, 1962. p. 99-100.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

DOCUMENTO DO ARQUIVO EM MANUSCRITO

No Arquivo Histórico existem aproximadamente 100 mil documentos em manuscritos dos períodos : colonial, imperial e republicano.

Arquivo Histórico Municipal, 1821.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

CINE COLISEU - CINEMA NÃO RESISTIU A TV

     Na década de 1940 a 1960, houve grandes espetáculos em várias partes do Brasil e porque não em Rio Pardo. No Cine Coliseu Rio- pardense, de propriedade de Jorge Comassetto, inaugurado em 1937. Cinema de 600 lugares que funcionava também como teatro e casa de espetáculos. Por lá se apresentaram alguns dos mais célebres atores brasileiros do período, como Oscarito, Procópio Ferreira, Dercy Gonçalves, Tônia  Carrero e outras celebridades.
O Coliseu impressionava pela sua fachada imponente. Prédio em estilo neoclássico movimentou a vida cultural no município. O prédio mantinha, já naquela época um gerador de energia próprio.        Os equipamentos eram de ponta, importados da Itália.O coliseu foi o primeiro cinema do interior do Estado com som estereofônico e um dos primeiros a utilizar lentes anamórficos. O Coliseu também destinava espaço generoso para filmes europeus: em certa época, as terças- feiras eram reservadas para produções  francesas e as quintas, para as italianas.Mas o tempo passou e a televisão  dominou o mercado. Depois do falecimento do proprietário o cinema foi vendido em 1974, continuou até os início dos anos 1980 quando foi fechado definidamente.O prédio antigo foi demolido e restaram apenas fotos de recordação. Hoje em prédio novo funciona a Câmara de Vereadores.

Fontes:Uma Luz Para a História, Rio Pardo 200 anos, 2010.
             Foto do arquivo de 1000 imagens Rogério Goulart
 

segunda-feira, 5 de junho de 2017

CENTRO REGIONAL DE CULTURA RIO PARDO

O Centro Regional foi construído em 1848, para ser um hospital mas como demorou muito tempo para ser terminado por falta de recursos, este prédio foi usado para ser a primeira Escola Militar da Província. Suas paredes internas foram feitas de madeira e barro, chamadas "pau a pique".


Parede interna com madeira, cacos de pedras e barro.

Porta interna com detalhes.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

ARQUITETURA NO RIO GRANDE DO SUL-RIO PARDO l

                                   
Começando, pois, por Rio Pardo, extremo da linha de penetração Portuguesa nos meados do século XIX, devemos assinalar dois períodos que se interpenetraram na ecologia denunciada pela Arquitetura. O primeiro é o de início da povoação, que assistiu o erguimento da Igreja de Santo Ângelo e, o segundo, é o das instalações das estâncias e consequente influência sobre a Arquitetura urbana. Concluindo em Porto Alegre, segunda cidade de grande crescimento no período que nos ocupa, veremos estâncias que lhe ficaram próximas, interessantes para a comprovação das observações feitas na área de Rio Pardo, deixando a penetração na sua zona urbana par outro estudo ou outros estudiosos.....Ora, as primeiras instalações  dos povoadores que se aplicaram a fundo na produção e construíram, economicamente,  suporte da nossa existência político-cultural, foram as que se dedicaram à criação. O complexo material e humano envolvido nesta produção chamou-se estância, e durante muito tempo as cidades viveram em função dela, no princípio para servi-la e logo depois para o cenário das atividades políticas e comerciais dos seus proprietários, que trouxeram para a vida urbana todo um conjunto de hábitos, todo um sistema de vida, que se formara e se consolida na existência rural.

FONTE: MACEDO, Francisco Rio Pardense. Arquitetura no Rio Grande do Sul in: Terra e Povo, Porto Alegre: Editora Globo, 1964.