quarta-feira, 27 de julho de 2016

INSTITUTO NOSSA AUXILIADORA

O prédio que havia sido construído para ser a Casa de Caridade, em 1930, é desocupado, e vendido para a Sociedade Educação e Caridade, também com a condição de executar sua manutenção. Instala-se ali o Instituto Nossa Senhora Auxiliadora, escola de formação de jovens com orientação cristã. Em 1965, o colégio inicia a transferência de suas atividades, mudando-se para novas instalações.
Em 1974, com a finalidade de abrigar um Centro Comunitário de Atividades culturais o prédio é doado pela Sociedade Educação e Caridade para o Estado do Rio Grande do Sul, condicionando-se a sua reforma e manutenção.
Em 1976, o prédio é interditado parcialmente.
Em 1983, é tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado.
Em 1991, os ex-alunos do Auxiliadora criam a UNEAMA (União dos Ex- alunos Amigos do Auxiliadora) dando início a mobilização para salvar o prédio.
No ano de 1992, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul reconhece o trabalho da UNEAMA e inicia as ações para o resgate do prédio.
Em 1995, é concluído o projeto elaborado pelo IPHAE A Secretaria de Estado de Obras Públicas e Saneamento.
Em 1997, o projeto Casa de Cultura é aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura.
Em 2001, o projeto Casa de Cultura é reformulado e passa a ter a denominação de Centro Regional de Cultura, abrangendo toda a Região Central do Estado e obtendo aprovação com méritos junto ao Conselho Estadual de Cultura. Neste mesmo ano, a empresa Alberto Pasqualin i- REFAP S/A comunica a aprovação de seu patrocínio exclusivo ao projeto
.
Vista interna do pátio do Centro Regional de Cultura Rio Pardo, local que foi a antiga Escola Militar de Rio Pardo e depois a Escola Auxiliadora.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

CASA DE CARIDADE

Ao terminar a Guerra dos Farrapos com seus mortos e feridos, brota no coração dos cidadãos um forte desejo de ajudar o próximo, principalmente os mais necessitados.
A paz que chegava evidenciava a carência de leitos e hospital para atender a população em geral. Cria-se então na Província de São Pedro, junto com as bases de sua infraestrutura, uma certa prioridade para a construção de Casas de Caridade também conhecidas como Santas Casas.
A iniciativa, em Rio Pardo, vem da Irmandade dos Passos que resolve, já em 1846, construir uma Casa de Caridade ao lado da Igreja dos Passos.
O projeto original em estilo neoclássico foi elaborado por Johann Martin Buff, o mesmo engenheiro que desenhou em 1829 a primeira planta da Vila de Rio Pardo.
Em 1848 é lançada a pedra fundamental, pelo protetor da Irmandade e Provedor por devoção Marechal de Exército Visconde de São Gabriel, João de Deus Menna Barreto.
As obras da Casa de Caridade se arrastaram por 34 anos, movidas por doações que vão desde o terreno até os mais variados e inestimáveis tipos de ajuda.
Concluída a obra em 1882 e sem condições de equipar e manter o prédio como um hospital destinado á caridade e beneficência, a Irmandade dos Passos decide ceder o edifício para aquartelar as tropas do Império com o compromisso de sua manutenção e conservação. Passaram por ali o 13º Regimento de Cavalaria, o Batalhão de Infantaria e o 3º Corpo de Trem.
No ano de 1890 se instala oficialmente a Escola Prática do Rio Grande do Sul.
Com o fechamento da Escola Militar de Porto Alegre em 1898 a Escola Prática é transformada em Escola Preparatória e de Tática. Assim, às cinco horas da tarde do dia 11 de setembro de 1898 chega a Rio Pardo um trem conduzindo o Coronel João Cândido Jaques, Comandante da Escola Preparatória e de Tática, acompanhado de uma turma de alunos e de professores com suas famílias.
Em 1905 a instrução militar novamente é modificada, criando-se a Escola de Aplicação de Infantaria e Cavalaria, que dura até 1911 com a transferência dos alunos para a Escola de Guerra do Rio de Janeiro. O período militar se encerra com a utilização do prédio pelo Sétimo Batalhão de Caçadores onde fica até 1928. Foram 45 anos de muita movimentação.
Por estes corredores passaram, como alunos, homens que marcaram a nossa história como Getúlio Dornelles Vargas, Marechal Eurico Gaspar Dutra e o Marechal João Batista Mascarenhas de Morais.
Um período que Rio Pardo viveu, de novo em ebulição, experimentando grande sucesso e desenvolvimento.

FONTE: Folheto de Restauração da Casa de Caridade, Escolas Militares, Auxiliadora para ser, hoje o Centro Regional de Cultura Rio Pardo.

             Arquivo Histórico Municipal (AHMRP)

sábado, 9 de julho de 2016

FONTES PARA UTILIDADE DO BEM PÚBLICO

A parte mais interessante da História é a que trata da Vida Cotidiana. É intrigante, por exemplo, imaginar como era o fornecimento de água numa época em que não existiam estações de tratamento.
No século XIX, a Câmara de Vereadores era encarregada de administrar o município. A ela competiam todas as atitudes que visavam melhorar à vida da população. Inclusive o fornecimento de água. Uma prova disso é o relatório da comissão encarregada pelos vereadores de verificar os lugares mais adequados para captação de água, em que se relata o que segue. Observem quantas informações interessantes, sobre o assunto em pauta e sobre outros detalhes relativos à Rio Pardo daquela época.
“A comissão encarregada da visita dos lugares mais próprios para as fontes nesta Vila, leva ao conhecimento da Câmara Municipal as observações que lhe foram possíveis fazer sobre estes estabelecimentos, que, em virtude da Lei, se acham debaixo da inspeção de nossas instituições municipais (...).
Determinar os lugares mais próprios e cômodos para abertura de fontes; escolher as melhores águas, e propor os melhores meios de remediar estas, quando sejam de todo cruas, tal é a honrosa tarefa que nos foi cometida e como este objeto seja, não só muito importante, como também uma medida de civilização dos Povos, é mister correspondermos à confiança, que a Câmara Municipal em nós depositou, sobre o objeto de tanta importância; e o meio melhor é de expor com toda a franqueza os nossos sentimentos(...).
Está provado pela química que a melhor água deve reunir a si as qualidades físicas seguintes: ser insípida, transparente, sem cor, sem cheiro, sem elasticidade; as químicas são: a dissolução pronta do sabão e nula a turvação pelos reativos; propriedades estas que sempre se concentram nas que se filtram ou correm através da área, que é agitada de movimento contínuo, a qual não apodrecem materiais vegetais ou animais. Pelo contrário, uma água que se demora sem movimento nas cavidades subterrâneas, que vem de terreno calcário, que não tem correntes reais, que nutre muitas plantas, de pouca profundidade, apresenta todos os caracteres opostos, seu sabor é fétido, ou nauseante, tem um cheiro ligeiramente podre, é verde ou amarelada; fervendo, turva-se; dá flocos com o sabão; os reativos ocasionam precipitados mais ou menos abundantes; pesa sobre o estômago (...).
A vista do exposto, e visitados os diferentes pontos desta Vila, resolveu a Comissão, atenta a necessidade, comodidade, ao número, à qualidade, às proporções que oferece o lugar, e a enormes dispêndios a que se devem opor, que três eram os pontos nos quais semelhantes estabelecimentos de necessidade se deverão criar: primeiro  a fonte velha, por nome de Joanna de Brum, ( onde) nasce a água do centro de um morro, terreno que pertence ao Tenente Antonio Vicente, que vem diretamente confrontar com a Rua  da ponte, havendo desta frente ao lugar  do seu nascimento pouco mais de 600 passos; segundo na frente da Rua da Boa Vista, indo procurar a água no centro de um segundo morro, ocupado no seu cume por algumas  propriedades, que fazem frente para a Rua de Santo Ângelo; terceiro, na frente da Rua do Açougue, indo se buscar a força da água no centro de um terceiro morro, no cume do qual está edificada a propriedade do finado Capitão Filisberto. Pelo que diz respeito à comodidade pública, não encontramos lugares mais apropriado ao seu número e suficientes, e a sua salubridade obtém-se facilmente, favorecendo sua evaporação, a benefício de canos e cascatas; ainda mesmo não se encontrando porção de água bastante nas covas destes morros para a criação de tais estabelecimentos, resolveu a mesma comissão, que em lugar destas  se fizessem cacimbas bem  construídas, a fim de evitar ao Povo de se servir de águas totalmente cruas e podres, não só para consumo de obras como também para lavagens domésticas, escusa esta de que se não podem  privar os pobres com particularidade, pela longitude  do rio  a diferentes pontos da povoação; obstando-se também  com este recurso a um grande número de moléstias, que tantos estragos têm feito (...), particularmente à escravatura.”

FONTE: Livros de Registros Gerais da Câmara Municipal – Nº28, páginas, 327/330

                Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo -AHMRP

terça-feira, 5 de julho de 2016

COSME DA SILVEIRA E ÁVILA
Um dos açorianos pioneiros na região. A exemplo dos outros, chegou AP Rio Grande antes dos Casais de Número. Alcançou status de fazendeiro e expert nas lides campeiras.
Tropeiro, veio de Laguna e por duas vezes gerenciou fazendas do governo, de criação de cavalos e gado do exército.
Seu nome está ligado à feitura de queijos e aos primeiros cultivos de trigo no Rio Grande, já antes de 1737. O brigadeiro Silva Pais, em março de 1738, elogiou os queijos admiráveis e os trigais do pioneiro, motivo pelo qual Cosme é chamado de “pai da agricultura gaúcha”.
Nasceu na mesma vila de seu vizinho Antônio da Silveira Ávila e Matos – Vila Nova do Topo, ilha de São Jorge. Seu pai foi homem de relevo na ilha natal: capitão-mor Antônio da Silveira e Ávila, também nascido ali, a exemplo de sua mãe, Catarina Machado de Azevedo.
Veio jovem para o Brasil. Radicou-se sucessivamente em Laguna, Rio Grande, Viamão e Rio Pardo.
A Estância Real do Bojuru fora criada em 1737 pelo 1º governador do Rio Grande, o citado Silva Pais. Cosme foi seu primeiro maioral. Criava animais para remonta do exército e o fornecimento de carne e couro. Ficava entre o mar e a Lagoa dos Patos, a 14 léguas da barra do Rio Grande. Cosme ganhava o quinto da produção da estância. Os animais eram arrebatados da Vacaria do Mar, principalmente ao sul da Lagoa Mirim.
Na época, Cosme obteve duas datas de chãos em Rio Grande e uma légua de terra para cultivar no lado norte do canal, anos de 1738 e 1739.
Ainda em 1738, na governança de André Ribeiro Coutinho, foi preso e demitido da Bojuru por descumprir ordens (ocultou a ausência de dois peões do serviço real, e insistiu em por uma eguada num campo de um paisano, apesar de ter sido proibido por Coutinho). Mas retornou às funções na Bojuru e ali ficou até julho de 1742.
Não foi o único incidente com o governo. Ao tempo de Rio Pardo também se indispôs com famílias açorianas ao tentar alargar seus domínios em detrimento dos ilhéus. Foi chamado à razão e teve que recuar.
Porém, sempre contou com protetores de peso. Na pendência com o comandante Coutinho, foi defendido pelo brigadeiro Silva Pais e, por isso, voltou a dirigir a Bojuri.
Na década de 1750, Gomes Freire criou outra estância realenga perto da fortaleza de Rio Pardo e lembrou-se de Cosme, que voltou à função de maioral. Ele gostava do trato com animais, e o emprego era junto às suas fazendas.
Elas ficavam uma ao lado da outra. A principal chamava-se Nossa Senhora da Boa Esperança. Obteve-a por sesmaria em agosto de 1754. Confinava pelo norte com a Serra; pelo sul – rio Guaíba (Jacuí); leste – “Campos do Potreiro” (que eram dele); oeste – inicialmente com a estância dos sócios Santos e Matos, logo depois substituídos pelo Rincão Del Rei (estância do governo).
A fazenda “Campos do Potreiro” foi comprada do patriarca Azambuja. Ficava – como se viu – a leste da “Boa Esperança”, mas distante do rio Jacuí, pois confrontava pelo sul com o
Tenente Fernando Pereira Vieira (e seu sócio Alferes José de Souza), e a norte e leste com Francisco Machado da Silveira.
A principal media 4 x 1,5 légua; a segunda, 3 léguas de comprido por meia légua (na parte mais larga).
Cosme possuía uma boa carpintaria, chefiada pelo escravo Caetano, oficial de carpinteiro, com muitas ferramentas do ofício: badame, enxós (de 3 tipos: de mão, de duas mãos e de martelo), escopros, formões, guilherme, junteiras, limatão, rebote, rebolos, trado, serras manuais, travadeiras de serra, martelos, cepilho, verruma, etc.
Antes de Rio Pardo, tivera fazenda em Conventos (Santa Catarina) e na margem do rio Gravataí, onde recebeu sesmaria em 1740. Esta confrontava com a de João Lourenço Velloso. Aliás, é digno de nota que três fazendeiros da beira do Gravataí: Ornelas, Azambuja e ele (Cosme) acabaram  indo em bloco para o Baixo Jacuí. Era o espírito comunitário de ajuda mútua – já citado – tão necessário naquelas paragens ermas.
Casou-e a 29.12.1757 em Triunfo, com Rita Josefa da Silveira (açoriana da ilha do Pico). Tiveram só duas filhas: Joana (falecida em criança) e Inocência Josefa da Silveira. Esta, como única herdeira dos pais, casou-se duas vezes, primeiro com Francisco da Costa Morais e, depois, com Luiz Severino José de Carvalho (filho do cirurgião-mor do Presídio de Rio Grande, Sebastião Gomes de Carvalho).
As estâncias da família em Rio Pardo ainda se conservavam na segunda geração pós-Cosme, repartidas entre as suas netas.
Cosme, juntamente com Jerônimo de Ornelas, foi lembrado pelo General Gomes Freire pela ajuda que proporcionara em gado “para o abasto das tropas” na subida do Jacuí.
E seu nome – ainda que por pouco tempo – batizou o “riacho do Cosme”, duas léguas a oeste do arroio João Rodrigues. Trata-se do atual arroio Diogo Trilha.
Tendo especial devoção por São Francisco, ao falecer em 22.1.1767, foi amortalhado com hábito franciscano e sepultado da Igreja de Rio Pardo.
   ”  

VELLOSO FILHO, René Boeckel. Muralhas lusitanas no Baixo Jacuí – Os primeiros tempos de Santo Amaro e Rio Pardo. Porto Alegre: EST edições; 2008. p. 56-8.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

ILUMINAÇÃO EM RIO PARDO

Inicialmente a iluminação em Rio Pardo era feita somente nos dias de festas. Passavam-se editais pedindo aos moradores que iluminassem as frentes de suas casas, estipulando-se o prazo para isso. Assim foi feito quando D. Pedro II visitou Rio Pardo, quando a Vila foi elevada à Cidade, nas datas de aniversários de autoridades reais, e nas datas importantes como a Independência. Também se usava iluminar os locais de divertimentos, para que ficassem “conformes com a moral pública”.
Quando em 1817 o Governador e Capitão General da Capitania, Marquês de Alegrete, programou uma visita a Rio Pardo, programou uma visita a Rio Pardo, imediatamente o Conselho pediu a todos os moradores que iluminassem  as frentes de suas casas  por três dias.
Em 1846, por Lei Provincial, procede-se a arrematação de 72 lampiões para iluminar a cidade. Foram apresentadas várias propostas e afixados editais em praça. O arrematante deveria colocar as iluminarias em esteios de madeira de lei, em muros e paredes e teria um prazo de quatro meses a contar da arrematação para colocar os lampiões.
As luminárias deveriam ser feitas de folhas de flanders, com bicos e reflexos de metal amarelo, contendo quatro faces com vidros. Todos deviam ser do mesmo tamanho e com cadeado.
O arrematante era o obrigado a manter os lampiões limpos e completamente acesos, desde o anoitecer até amanhecer o dia, nas noites em que não houvesse lua; e, nas em que houvesse, por todo o tempo que ela não iluminasse. Pelos seus serviços, receberia seis mil e oitenta réis por cada lampião. A manutenção também era sua responsabilidade, devendo ele providenciar os consertos necessários, ferros, vidros, capacetes e mais utensílios. Qualquer pessoa poderia reclamar junto à Câmara, quando encontrasse algum lampião apagado, podendo o arrematante ser multado por essa falha.
Os vereadores preocuparam-se com o pagamento do serviço de iluminação pública. Por isso, mandaram ao vice-presidente da Província ofício propondo um levantamento de sobras de campo de terras e terrenos aforados, para legalizar e reverter em renda para o pagamento desse serviço, considerado de utilidade pública.

FONTE: Registros Gerais e Livros de Atas da Câmara, 1811/1846.
              História Particular de Velha Cidade do Rio Grande do Sul- Dante de Laytano

              Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo(AHMRP).