segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

HISTÓRICO DO RINCÃO DOS NEGROS

1ª Parte      RINCÃO DOS NEGROS  

Autor: Padre Back


O Rincão localiza-se a 35 km da sede do Município, tendo acesso por uma estrada não asfaltada e servida de uma linha diária de ônibus coletivo. Trata-se de uma região com vocação histórica voltada para a agricultura, necessitando de grande quantidade de mão de obra escrava, no período escravocrata, e mesmo depois dele, para suprir a demanda da grande quantidade de fazendas  existentes. É nesse cenário de uma grande fazenda que nasce o Rincão, sendo no percurso de sua história vários nomes, sendo o mais significativo “Rincão dos Pretos”.

A história do nome deste lugar, ao longo do tempo, já conta um pouco do percurso dos escravos da Fazenda Jacinta Ana Maria Jesus de Souza. Por ser de propriedade da família Souza, esse lugar era chamado antigamente de Rincão dos Souzas. Esta senhora rica , solteira e sem filhos, antes de morrer, alforriara os seus 87 escravos e deixara a metade de sua fazenda e uma afilhada e a outra metade para seus escravos.

A religiosidade de dona Jacinta fez com que ela mandasse fincar no alto de uma coxilha, bem próximo a sua casa , uma possante cruz de madeira, no local onde as missas eram rezadas, em volta da qual, após sua morte, os negros ergueram uma pequena capela, denominada por eles de Capela da Bela Cruz, tendo por padroeira Nossa Senhora da Conceição.

Sobre o marco da porta central desta capela consta o ano de 1888 como data de sua construção até hoje muito simples. A partir de então o local passou a ser chamado de Rincão dos Pretos. Uma aldeia com expressivo número de moradores pretos descendentes de escravos que ainda hoje cultuam costumes dos seus antepassados. Aos poucos  um processo de expropriação, a quase totalidade das terras deixadas para os ex- escravos, após a morte da senhora Jacinta, foi parar nas mãos de poucos latifundiários brancos.  As terras do Rincão tinham como limites as terras dos Pantas. Muitos destes negros teriam vendido suas terras a um dos Pantas Sr. Alvino Panta, mas estas transações não aconteceram de forma legal, teria sido”tudo de língua, ou seja, não havia escritura em cartório de registros de imóveis. 

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