quarta-feira, 22 de abril de 2020

FORTE JESUS MARIA JOSÉ DO RIO PARDO – “TRANQUEIRA INVICTA” (IV)


Erigido em 1754, no contexto da guerra guaranítica 1754-56, como base logística de apoio à marcha do Exército Demarcador do Tratado de Madrid 1750, no Sul. Exército sob o comando do general Gomes Freire, Governador de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
O Rio Grande do Sul é hoje brasileiro graças, em grande parte, à visão superior de estadista daquele general.
Seu Exército pretendeu atingir aos Sete Povos ao longo do rio Jacuí. Lá, junto com um Exército da Espanha tomaria pela força a região, dela evacuando os índios e jesuítas que reagiram ao tratado, para substituí-los por casais de açorianos, já na Vila de Rio Grande. O forte foi erigido pelo Cel Thomaz Luiz Osório e seu Regimento de Dragões, desde então para lá transferido de Rio Grande.
Em 24 de abril de 1756 o índio Sepé Tiarajú do povo de São Miguel comandou ataque frustrado ao forte. Após apresentou-se como amigo, para tomá-la de dentro para fora. Descoberto, foi preso com seus 53 índios. Sob promessa de devolver 70 cavalos que tomara ao forte, fugiu ao ludibriar a escolta, indiferente ao destino de seus liderados, retidos como reféns. A maioria deles morreu tragicamente na Lagoa dos Patos, em rebelião, quando transportados para o Rio Grande. De 1756-59, o forte foi edificado em terra e pedra, sob a direção de Gomes Freire e traço do Cel Alpoym.
Desempenhou importante papel dissuasório na invasão de 1774 pelo governador de Buenos Aires, general Vertiz y Salcedo. Mais do que por suas muralhas valia por sua posição dominante sobre o estratégico passo do Jacuí. Em 1775, o general Bohn comandante do Exército do Sul, constatou dele haver restado “o mastro, um velho armazém da época da construção e peças de ferro de alguma utilidade sem grande risco.”
Foi restaurado em grande parte com pedras. Prestou serviços, até 1812 quando com a expansão da fronteira até os rios Uruguai e Jaguarão, surgiram bases avançadas em Bagé e . Borja e a intermediária em Batovi (São Gabriel).
Em 1813, parte de suas muralhas serviram para calçar ladeira que ligava o forte à Vila, após haver cumprido papel relevante como base para o reconhecimento, exploração, conquista gradativa e defesa da campanha riograndense e Missões. E mais, como pólo irradiador pazra todas as regiões citadas sob sua influência, no dizer de Dante de Laytano, de uma civilização castrense ou militarizada, tendo como principais agentes, algumas gerações do legendário Dragões do Rio Pardo, a célula mater de toda a guarnição federal no Rio Grande do Sul.
Por jamais ter sido vencido ou ultrapassado na sua relevante missão, também de sentinela avançada destinada a proporcionar segurança a Porto Alegre contra possíveis ataques com origem na campanha riograndense e Missões, passou para história como “A Tranqueira Invicta”.

REFERÊNCIA: A História do Brasil através de seus Fortes, Coronel Claudio Moreira Bento, com ilustrações de Mário Neves. (provavelmente 1982, cfe. data ao lado assinatura planta Forte Jesus Maria José do Rio Pardo)

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