quarta-feira, 29 de abril de 2020

199 ANOS DE UMA VISITA ILUSTRE: SAINT-HILAIRE NO RIO GRANDE DO SUL


Em 2001, quando já haviam se passado 180 anos da expedição científica de Auguste de Saint-Hilaire pelo Rio Grande do Sul, o jornal Zero Hora publicou uma extensa reportagem sobre os municípios por onde o francês passou. No dia 7 de julho daquele ano foi a vez de Rio Pardo, reportagem que reproduzimos a seguir, em homenagem aos 199 anos daquela expedição.

A redescoberta do Rio Grande (Saint-Hilaire – final)
HOSPITALIDADE SULINA
TEXTOS: Nilson Mariano
FOTOS: Genaro Joner

Ao final da viagem de estudos, o francês Auguste de Saint-Hilaire atestou a generosa hospitalidade da província do Rio Grande do Sul. O excesso de carne assada repugnou o estômago do naturalista, mas não faltaram erva-mate e solidariedade (...).
A dois meses da despedida, chegou à próspera vila de Rio Pardo[1], onde elogiou os sobrados de dois andares, com telhas, as sacadas de vidro expondo “certa riqueza”. Hospedou-se na casa da família de José Joaquim de Andrade Neves, então com 14 anos, que se notabilizaria como o Barão do Triumpho – o ph realçando a honraria. O barão teria seu fim na Guerra do Paraguai (1854-70), fulminado por uma gangrena que se irradiou do pé ferido a tiro.
Saint-Hilaire gabou a acolhida. Sentiu-se recompensado pelo aborrecimento de esperar uma embarcação para seguir até Porto Alegre.
- Recebi toda a sorte de gentilezas do sargento-mor José Joaquim de Figueiredo  Neves e de seu irmão Tomás Aquino de Figueiredo Neves, tendo jantado diariamente em casa de um ou de outro.
Passados 180 anos, Rio Pardo destaca-se, ao lado de Pelotas e Mostardas, como a cidade que mais conservou prédios e vestígios da expedição. Há situações que permanecem iguais. Quando descreveu a vila, em 1821, ele observara que havia um presídio aos fundos do prédio da Câmara. Os políticos trocaram de sede, o casarão de 1811 atualmente abriga o Museu Zoológico Municipal. A prisão continua no mesmo lugar, no coração da cidade, as sete celas trancafiando 32 apenados.

REFERÊNCIA: MARIANO, Nilson. A redescoberta do Rio Grande – o roteiro do viajante francês. Zero Hora, 1º a 07/07/2001. 





[1] Ao chegar à vila de Rio Pardo, encontrou a primeira ponte de toda a viagem pela Província. Tinha alicerces de pedra, mas estava em obras.

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