Em 2001, quando já haviam se passado 180 anos da
expedição científica de Auguste de Saint-Hilaire pelo Rio Grande do Sul, o
jornal Zero Hora publicou uma extensa reportagem sobre os municípios por onde o
francês passou. No dia 7 de julho daquele ano foi a vez de Rio Pardo,
reportagem que reproduzimos a seguir, em homenagem aos 199 anos daquela expedição.
A
redescoberta do Rio Grande (Saint-Hilaire – final)
HOSPITALIDADE
SULINA
TEXTOS: Nilson
Mariano
FOTOS: Genaro Joner
Ao final da viagem de estudos, o francês Auguste de
Saint-Hilaire atestou a generosa hospitalidade da província do Rio Grande do
Sul. O excesso de carne assada repugnou o estômago do naturalista, mas não
faltaram erva-mate e solidariedade (...).
A dois meses da despedida, chegou à próspera vila
de Rio Pardo[1],
onde elogiou os sobrados de dois andares, com telhas, as sacadas de vidro expondo
“certa riqueza”. Hospedou-se na casa da família de José Joaquim de Andrade
Neves, então com 14 anos, que se notabilizaria como o Barão do Triumpho – o ph
realçando a honraria. O barão teria seu fim na Guerra do Paraguai (1854-70),
fulminado por uma gangrena que se irradiou do pé ferido a tiro.
Saint-Hilaire gabou a acolhida. Sentiu-se
recompensado pelo aborrecimento de esperar uma embarcação para seguir até Porto
Alegre.
- Recebi toda a sorte de gentilezas do sargento-mor
José Joaquim de Figueiredo Neves e de
seu irmão Tomás Aquino de Figueiredo Neves, tendo jantado diariamente em casa
de um ou de outro.
Passados 180 anos, Rio Pardo destaca-se, ao lado de
Pelotas e Mostardas, como a cidade que mais conservou prédios e vestígios da
expedição. Há situações que permanecem iguais. Quando descreveu a vila, em
1821, ele observara que havia um presídio aos fundos do prédio da Câmara. Os
políticos trocaram de sede, o casarão de 1811 atualmente abriga o Museu
Zoológico Municipal. A prisão continua no mesmo lugar, no coração da cidade, as
sete celas trancafiando 32 apenados.
REFERÊNCIA:
MARIANO, Nilson. A redescoberta do Rio Grande – o roteiro do viajante francês.
Zero Hora, 1º a 07/07/2001.
[1] Ao
chegar à vila de Rio Pardo, encontrou a primeira ponte de toda a viagem pela
Província. Tinha alicerces de pedra, mas estava em obras.
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