quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

UM IMPERADOR NO RIO GRANDE

Pedro II, aos 20 anos de idade, 1846Resultado de imagem para IMAGEM D. PEDRO II E TERESA CRISTINATeresa Cristina, aos 24 anos de idade, 1846


http://daquinarede.com.br/2015/10/dom-pedro-ii-o-sacristao-e-a-lestada/

A 1º de março de 1845, em Ponche Verde, município de Dom Pedrito, era assinada a paz no Rio Grande, pondo fim à luta fratricida que já durava 10 anos, entre imperiais e farroupilhas rio-grandenses. Não houve vencidos nem vencedores. Eram todos brasileiros. Foi uma paz honrosa para ambos os lados – uma solução estratégica encontrada pelo Barão de Caxias, para exaltar o brio e o valor do povo gaúcho, como se vê na sua proclamação ao Rio Grande do Sul: “Uma só vontade nos una, rio-grandenses! Maldição eterna a quem recordar-se das nossas dissensões passadas.”
O imperador Pedro II, embora no verdor da idade, mas impregnado de profundo sentimento patriótico, desejoso da união de todas as províncias, manifestou o desejo de visitar o Rio Grande do Sul sem ódios nem rancores. Dom Pedro II nutria uma certa admiração pelos pampas. Sua presença entre os rio-grandenses traria, por certo, esse condão mágico de solidificação da paz.
A 21 de dezembro de 1845, acompanhado da imperatriz e de grande comitiva imperial, chegava a Porto Alegre. O então tenente-coronel Manoel Luis Osório, comandante do 2º Regimento de Cavalaria, em Bagé, prestou a Guarda de Honra ao Imperador. Tudo preparou. Aguardou o Imperador em Rio Pardo, com seu luzido regimento, todo montado em cavalos brancos, que impressionou o monarca por deslumbrante apresentação. Era um regimento de elite.
A 13 de janeiro de 1846, chegava Pedro II a São Gabriel, hospedando-se no velho sobrado da Praça da Matriz. O Imperador impressionava a todos pelo seu porte másculo, faces coradas e barbas loiradas, combinando esplendidamente com os galões do uniforme. De todas as partes, chegava gente para ver e admirar o grande imperador adolescente, com apenas 20 anos.
Festas se repetiam numa fulgurante apresentação organizada por comissões especiais. Mas o monarca tinha pressa. Assistiu à Missa na Igreja do Galo e visitou o Forte de Caxias, onde recebeu honras militares. Entre tantas homenagens, imperador se achava inquieto. Queria ver o gaúcho do campo no seu habitat, certificar-se in loco da pacificação da família rio-grandense. Então, foi-lhe oferecida uma festa campeira na estância da Caieira. Ali viu a gauchada nos seus próprios pagos, onde lhe brindaram com uma festança campeira: gineteadas, carreiras a cavalo, tiros de laço e de boleadeiras, danças e cantigas em desafio, recitações poéticas, churrascos e outras oferendas da hospitalidade campeira.
O imperador pouco se detinha. Era um psicólogo de multidões. Andava de grupo em grupo, a conversar e indagar das pessoas sobre a paz, ouvindo de todos uma manifestação fraterna de sentimentos recíprocos. Os rio-grandenses estavam cansados de guerrear, e a presença do imperador apagou os últimos vestígios da árdua luta em que viveram por quase uma década.
Dom Pedro II, plenamente satisfeito, convencera-se com seus próprios olhos e o sentir dos corações tão amáveis e respeitosos que o cercaram de que a paz, como ele desejava, estava consolidada, e o Rio Grande do Sul voltara a se integrar definitivamente ao império brasileiro.
São Gabriel foi grandemente contemplada com a visita do Imperador. A 4 de abril daquele ano, elevou-se à categoria de vila, desmembrando-se de Caçapava e elegendo a sua primeira Câmara de Vereadores.
FONTE:
FIGUEIREDO, Osório Santana. Zero Hora, 16/10/1999, Caderno de Cultura, p. 6.


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