sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

GOMES FREIRE DE ANDRADE DESCOBRE O PODER DO CHIMARRÃO



                Após a assinatura do Tratado de Madri, durante as expedições para demarcação das novas fronteiras do Rio Grande do Sul, os portugueses localizaram ervais missioneiros. O Governo Português providenciava a implementação de políticas que permitissem incentivar a migração de índios missioneiros para o lado português, aumentando o número de seus súditos e possibilitando povoar as terras limítrofes com os espanhóis.
                Um dos principais responsáveis por desenvolver este programa de incorporação missioneira foi Gomes Freire de Andrade, o mesmo que determinou a construção do forte que deu origem a Rio Pardo. Durante a campanha de demarcação e combate aos índios missioneiros que se revoltaram contra a ordem de entregar suas terras aos portugueses, Gomes Freire tornou-se um adepto fervoroso do uso do chimarrão. Em 1755 enviou carta para o Secretário de Estado dos Negócios Ultramarinos, Diogo de Mendonça Corte Real elogiando a bebida:
                “Eu padecia dores causadas das inumeráveis areais que hei lançado há dois anos que uso desta excelente erva; os primeiros quinze dias, que tomei o mate (assim chamam a porção que se toma pela manhã na Cuia) tive bastante incômodo, entendi foi pelo remédio as abalar, e despegar, continuei a lançá-las monstruosamente, diminuíram-se logo as dores de Rins, e perdi as que me embaraçavam o movimento das pernas, ficando como se tal queixa não  houvesse padecido. O mesmo efeito observei em muitas pessoas, que nestas Tropas, padeciam a mesma queixa; também a de gota não há dela memória em que pessoa que usa o tomar esta bebida, a que há neste País tanto da parte de Castelhanos como da nossa é hoje comum e geral.” E, mais adiante, completa: “Vai um surrão pequeno com erva e vai uma memória que expõe a forma porque se usa; se eu tiver a felicidade de que ela possa dar algum alívio a V.ª Ex.ª, participe-me para continuar a remeter erva (...).”

FONTE:
ECKERT, José Paulo. O povo dos hervaes – Entre o extrativismo e a colonização (Santa Cruz, 1850 – 1900). São Leopoldo, 2011. Dissertação de Mestrado em História. UNISINOS. P. 31-3. Disponível em:

www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/4086/60.pdf?sequence

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