Após
a assinatura do Tratado de Madri, durante as expedições para demarcação das
novas fronteiras do Rio Grande do Sul, os portugueses localizaram ervais
missioneiros. O Governo Português providenciava a implementação de políticas
que permitissem incentivar a migração de índios missioneiros para o lado
português, aumentando o número de seus súditos e possibilitando povoar as
terras limítrofes com os espanhóis.
Um
dos principais responsáveis por desenvolver este programa de incorporação
missioneira foi Gomes Freire de Andrade, o mesmo que determinou a construção do
forte que deu origem a Rio Pardo. Durante a campanha de demarcação e combate
aos índios missioneiros que se revoltaram contra a ordem de entregar suas
terras aos portugueses, Gomes Freire tornou-se um adepto fervoroso do uso do
chimarrão. Em 1755 enviou carta para o Secretário de Estado dos Negócios
Ultramarinos, Diogo de Mendonça Corte Real elogiando a bebida:
“Eu
padecia dores causadas das inumeráveis areais que hei lançado há dois anos que
uso desta excelente erva; os primeiros quinze dias, que tomei o mate (assim
chamam a porção que se toma pela manhã na Cuia) tive bastante incômodo, entendi
foi pelo remédio as abalar, e despegar, continuei a lançá-las monstruosamente,
diminuíram-se logo as dores de Rins, e perdi as que me embaraçavam o movimento
das pernas, ficando como se tal queixa não
houvesse padecido. O mesmo efeito observei em muitas pessoas, que nestas
Tropas, padeciam a mesma queixa; também a de gota não há dela memória em que
pessoa que usa o tomar esta bebida, a que há neste País tanto da parte de
Castelhanos como da nossa é hoje comum e geral.” E, mais adiante, completa:
“Vai um surrão pequeno com erva e vai uma memória que expõe a forma porque se
usa; se eu tiver a felicidade de que ela possa dar algum alívio a V.ª Ex.ª,
participe-me para continuar a remeter erva (...).”
FONTE:
ECKERT, José Paulo. O povo dos hervaes – Entre o
extrativismo e a colonização (Santa Cruz, 1850 – 1900). São Leopoldo, 2011.
Dissertação de Mestrado em História. UNISINOS. P. 31-3. Disponível em:
www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/4086/60.pdf?sequence
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