segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

JORNAL DE RIO PARDO, 16/8/1953, nº 145 - Diretor: Biagio Tarantino



Há 63 anos atrás noticiava...

A Firma Irmãos Breves vence a concorrência para a construção da Ponte sobre o rio Jacuí, obra orçada em Cr$ 17.300.000,000, com conclusão prevista para 750 dias. Segundo o General Manoel Azambuja Brilhante: “Com a localização da ponte em Rio Pardo, esta cidade, dentro de 20 anos, será como Budapeste.”
PASSO DO SOBRADO – O distrito de Passo do Sobrado, constituído quase que exclusivamente de descendentes de alemães, é uma das zonas de maior produção de fumo. Existem vários outros produtos, pois a população se dedica diuturnamente ao trabalho agrícola. No setor educacional, o Distrito está relativamente bem servido. Porém, é lamentável o estado em que se encontram as estradas deste Distrito.
CONSTRUÇÃO DO MATADOURO – Frigorífico da Cooperativa Pastoril Rio Pardo Ltda. Houve uma proposta de construí-lo em São Jerônimo, mas foi veementemente rejeitada. Fazendeiros rio-pardenses não aceitaram idéia, emprestando seu inestimável serviço até o término da construção do Matadouro Frigorífico e decidir se será executada pelo Instituto de Carnes ou pela própria Cooperativa. Telegrama do Presidente da FARSUL, Sr. Ricardo Wagner, informa: “Tivemos comunicação Loureiro da Silva assegurou financiamento Entreposto Cidade Rio Grande, bem como garantiu financiamento matadouro frigorífico desta cidade.”
PUBLICIDADE DA PÁGINA – Casa Mailaender – Santa Cruz do Sul – Motores Diesel, Refrigeradores a Kerosene, material para lavoura, ferragens em geral. Sortimento – Preços – Qualidade; - Casa Juca – vende-se trator Massey-Harrys
ANIVERSÁRIOS – 16/8/1953 – Fazem anos hoje: Srs. Mario Lima Coimbra, Nicolau Provintina, José de Sá Bastos, Srta. Zoraide M. da Rosa e o menino Osni Correa Mattos
20 DE JULHO – Foi ao ar, pela primeira vez, pela ZYU – 35, o programa radiofônico criado pelo Jornal de Rio Pardo – Repórter U-35 – no horário das 18h45min, sob direção do Sr. Jorge Comassetto
MAIS UM BREVETADO – Pela Escola de Pilotagem do Aeroclube de Cachoeira do Sul o jovem rio-pardense Felipe Noronha, do Aeroclube local. Ele foi o quarto piloto rio-pardense. Pela Escola de Pilotagem do Aeroclube de Santa Cruz do Sul, Rony Deppermann Moreira prestou exame.
PUBLICIDADE DA PÁGINA – Casa Xavier – Modas Wolens, fatiotas para homens pelos últimos figurinos e corte esmerado, por preços de abismar; Expresso Águia Branca – Viagens rápidas e confortáveis entre Rio Pardo e Porto Alegre e vice-versa, nas terças, quintas e sábados. Saída às 6h, regresso às 17h, exceção dos sábados, em que o regresso é às 13h15m; Casa Juca, de J. M. Borges; Casa para Todos – grande sortimento de capas, chapéus, sapatos, botas, fatiotas e capas reversíveis; Walmor Strada – instalador de água a domicílio; Navegação Minerva – despache suas mercadorias. De Mario Moreira.
O PRECEITO DO DIA – Óculos impróprios e olhos tortos – Óculos impróprios tendem a causar olhos vesgos, tortos ou estrábicos, e cada vez mais se enfraquece a visão do olho defeituoso.
CINE COLISEU – Sexta-feira – Sábado – Domingo – O Direito de Nascer, o filme que o mundo esperava. Ingressos: Cr$ 6,00 e Cr$ 3,00.
LINHA DIÁRIA A PORTO ALEGRE – Novo Expressinho – 17 passageiros, de segunda a sábado.
NAVEGAÇÃO NASCIMENTO
ELETROLAS PHILIPS
WALDIR MOREIRA E CIA. LTDA. – Bombas Mernak para a lavoura
BELAS ARTES – Esteve nessa cidade o adiantado aluno da Escola de Belas Artes, Luiz Radonsky, colhendo dados e documentação fotográfica para ilustrar importante estudo sobre o patrimônio histórico e artístico de Rio Pardo, cujo manancial ainda existente está chamando a atenção dos estudiosos do país.
NOVA DIRETORIA DO GINÁSIO – No dia 13 de agosto assumiu a direção do Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora a Reverendíssima Madre Luizinha, que veio substituir a Reverendíssima Maria Evanira, que acaba de ser nomeada Secretária Geral da Congregação.
ESPORTE – Couto F. C. viaja para Santa Cruz para enfrentar o Juventude F. C. de Candelária
                   - Municipal F. C. entusiasmado pela brilhante vitória sobre o Malet, em Cachoeira do Sul, com escore de 2 x 1.
                  - Partida preliminar no Estádio Municipal: Agrícola X Corintians

                  - Torneio de Bolão – União, Círculo Operário e Literário, Grupo de Bolão, Gororoba, Tempestade

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

GOMES FREIRE DE ANDRADE DESCOBRE O PODER DO CHIMARRÃO



                Após a assinatura do Tratado de Madri, durante as expedições para demarcação das novas fronteiras do Rio Grande do Sul, os portugueses localizaram ervais missioneiros. O Governo Português providenciava a implementação de políticas que permitissem incentivar a migração de índios missioneiros para o lado português, aumentando o número de seus súditos e possibilitando povoar as terras limítrofes com os espanhóis.
                Um dos principais responsáveis por desenvolver este programa de incorporação missioneira foi Gomes Freire de Andrade, o mesmo que determinou a construção do forte que deu origem a Rio Pardo. Durante a campanha de demarcação e combate aos índios missioneiros que se revoltaram contra a ordem de entregar suas terras aos portugueses, Gomes Freire tornou-se um adepto fervoroso do uso do chimarrão. Em 1755 enviou carta para o Secretário de Estado dos Negócios Ultramarinos, Diogo de Mendonça Corte Real elogiando a bebida:
                “Eu padecia dores causadas das inumeráveis areais que hei lançado há dois anos que uso desta excelente erva; os primeiros quinze dias, que tomei o mate (assim chamam a porção que se toma pela manhã na Cuia) tive bastante incômodo, entendi foi pelo remédio as abalar, e despegar, continuei a lançá-las monstruosamente, diminuíram-se logo as dores de Rins, e perdi as que me embaraçavam o movimento das pernas, ficando como se tal queixa não  houvesse padecido. O mesmo efeito observei em muitas pessoas, que nestas Tropas, padeciam a mesma queixa; também a de gota não há dela memória em que pessoa que usa o tomar esta bebida, a que há neste País tanto da parte de Castelhanos como da nossa é hoje comum e geral.” E, mais adiante, completa: “Vai um surrão pequeno com erva e vai uma memória que expõe a forma porque se usa; se eu tiver a felicidade de que ela possa dar algum alívio a V.ª Ex.ª, participe-me para continuar a remeter erva (...).”

FONTE:
ECKERT, José Paulo. O povo dos hervaes – Entre o extrativismo e a colonização (Santa Cruz, 1850 – 1900). São Leopoldo, 2011. Dissertação de Mestrado em História. UNISINOS. P. 31-3. Disponível em:

www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/4086/60.pdf?sequence

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

UM IMPERADOR NO RIO GRANDE

Pedro II, aos 20 anos de idade, 1846Resultado de imagem para IMAGEM D. PEDRO II E TERESA CRISTINATeresa Cristina, aos 24 anos de idade, 1846


http://daquinarede.com.br/2015/10/dom-pedro-ii-o-sacristao-e-a-lestada/

A 1º de março de 1845, em Ponche Verde, município de Dom Pedrito, era assinada a paz no Rio Grande, pondo fim à luta fratricida que já durava 10 anos, entre imperiais e farroupilhas rio-grandenses. Não houve vencidos nem vencedores. Eram todos brasileiros. Foi uma paz honrosa para ambos os lados – uma solução estratégica encontrada pelo Barão de Caxias, para exaltar o brio e o valor do povo gaúcho, como se vê na sua proclamação ao Rio Grande do Sul: “Uma só vontade nos una, rio-grandenses! Maldição eterna a quem recordar-se das nossas dissensões passadas.”
O imperador Pedro II, embora no verdor da idade, mas impregnado de profundo sentimento patriótico, desejoso da união de todas as províncias, manifestou o desejo de visitar o Rio Grande do Sul sem ódios nem rancores. Dom Pedro II nutria uma certa admiração pelos pampas. Sua presença entre os rio-grandenses traria, por certo, esse condão mágico de solidificação da paz.
A 21 de dezembro de 1845, acompanhado da imperatriz e de grande comitiva imperial, chegava a Porto Alegre. O então tenente-coronel Manoel Luis Osório, comandante do 2º Regimento de Cavalaria, em Bagé, prestou a Guarda de Honra ao Imperador. Tudo preparou. Aguardou o Imperador em Rio Pardo, com seu luzido regimento, todo montado em cavalos brancos, que impressionou o monarca por deslumbrante apresentação. Era um regimento de elite.
A 13 de janeiro de 1846, chegava Pedro II a São Gabriel, hospedando-se no velho sobrado da Praça da Matriz. O Imperador impressionava a todos pelo seu porte másculo, faces coradas e barbas loiradas, combinando esplendidamente com os galões do uniforme. De todas as partes, chegava gente para ver e admirar o grande imperador adolescente, com apenas 20 anos.
Festas se repetiam numa fulgurante apresentação organizada por comissões especiais. Mas o monarca tinha pressa. Assistiu à Missa na Igreja do Galo e visitou o Forte de Caxias, onde recebeu honras militares. Entre tantas homenagens, imperador se achava inquieto. Queria ver o gaúcho do campo no seu habitat, certificar-se in loco da pacificação da família rio-grandense. Então, foi-lhe oferecida uma festa campeira na estância da Caieira. Ali viu a gauchada nos seus próprios pagos, onde lhe brindaram com uma festança campeira: gineteadas, carreiras a cavalo, tiros de laço e de boleadeiras, danças e cantigas em desafio, recitações poéticas, churrascos e outras oferendas da hospitalidade campeira.
O imperador pouco se detinha. Era um psicólogo de multidões. Andava de grupo em grupo, a conversar e indagar das pessoas sobre a paz, ouvindo de todos uma manifestação fraterna de sentimentos recíprocos. Os rio-grandenses estavam cansados de guerrear, e a presença do imperador apagou os últimos vestígios da árdua luta em que viveram por quase uma década.
Dom Pedro II, plenamente satisfeito, convencera-se com seus próprios olhos e o sentir dos corações tão amáveis e respeitosos que o cercaram de que a paz, como ele desejava, estava consolidada, e o Rio Grande do Sul voltara a se integrar definitivamente ao império brasileiro.
São Gabriel foi grandemente contemplada com a visita do Imperador. A 4 de abril daquele ano, elevou-se à categoria de vila, desmembrando-se de Caçapava e elegendo a sua primeira Câmara de Vereadores.
FONTE:
FIGUEIREDO, Osório Santana. Zero Hora, 16/10/1999, Caderno de Cultura, p. 6.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

MEMÓRIAS HOTEL BIAGIO TARANTINO


A memória humana às vezes é traiçoeira. Era muito fácil esquecer uma data ou nome. Mas s fatos importantes, ou pitorescos, ficam. E foram estes fatos que a Dona Zilda e a Dona Mery nos contaram, quando  relembraram as histórias do hotel.
Na época, havia aqui o 13º Regimento de Cavalaria. Vários Oficiais deste Regimento eram inquilinos do hotel. Uma das outras era reservada para uso destes oficiais e suas famílias. A família Tarantino conviveu com o major Furtado, e sua esposa, dona Mariana. Ele fizera um estágio na Alemanha e viera assumir o comando do Regimento.
No inicio dos anos 40 e movimento no hotel foi muito intenso. Uma grande enchente transformou Rio Pardo numa verdadeira ilha. O Jacuí transbordou, as águas do Rio Pardo chegaram até a estação ferroviária e, em  Ramiz Galvão, Arroio do Couto emendou com o Rio Pardo. Os  barcos que atacavam no porto do Jacuí ficavam presos por vários dias. E as tripulações se hospedavam no hotel. Era tanta gente, que às vezes era preciso colocar colchões até nos corredores. Biagio percorria as fazendas, no interior, para abastecer a cozinha do hotel com carne de galinha, ovos, leite e manteiga.
E o sorvete do hotel?! Era feito à base de leite e algumas gotas de essência eram suficientes para dar sabor de fruta ao gelado. Conservado em grandes recipientes contendo gelo e sal, era saboreado na beira da calçada. O hotel foi praticamente a primeira sorveteria da cidade.
A Rua do lado do hotel era o ponto de parada do ônibus que chegavam à cidade. Os carros de praça-nossos primeiros táxis- esperavam pelos passageiros na frente do hotel, do outro lado da rua.
Agradecemos a Dona Zilda Comasseto e a Dona Mery Tarantino Panattieri por terem compartilhado suas lembranças conosco.

FONTE: Memória Viva, Jornal Gazeta do Sul,2000.

                 AHMRP