É de
lastimar-se que a imprensa rio-pardense não tivesse nascido mais cedo[1]como
ocorreu, por exemplo, no Rio Grande onde o Noticiador assistiu não só ao
nascimento do principal Teatro (o 3º cronologicamente), o Teatro Sete de
Setembro, como ainda através do seu correspondente em Pelotas, testemunhou os
primeiros vagidos do Teatro Sete de Abril. Assim, pedra não restando sobre
pedra, do primitivo Teatro Rio-Pardense, só se pode almejar que novas pesquisas
deitem mais luz sobre o que aconteceu de artístico entre bastidores e
bambolinas[2]
na simpática cidade do Jacuí.
Tanto o
Teatro Rio-Pardense como o que lhe sucedeu, o Teatro Sete de Setembro,
tornaram-se atraentes para elencos itinerantes. Desse último escreveu Biágio
Tarantino (Rio Pardo, 1903 – Porto Alegre, 1975): “Ainda no período imperial,
no final do século XIX, até a década de 1920, existiu o conhecido Teatro Sete
de Setembro, vistoso prédio com alegorias à arte teatral em seu frontispício e,
em seu interior, três ordens de camarotes, guarnecidos de madeira torneada”[3].
E precisa, no artigo, que esse teatro ficava na Rua Brasil, depois General
Osório e hoje Avenida Almirante Alexandrino; que em 1917 passou a chamar-se
Teatro Apolo e que, já servindo para funções de comércio de atacado, foi
destruído por incêndio. Também nele atuaram conjuntos locais e visitantes;
entre estes, as companhias de Germano Alves (Portugal, 1859 – Rio de Janeiro,
1936), Apolônia Pinto, Alves da Silva, Aura Abranches, Furtado de Medeiros,
Ribeiro Cancela e Zaparolli, segundo o referido pesquisador.
Por outro
lado, sabem os rio-pardenses serem conterrâneos de Manuel de Araújo Porto
Alegre, um dos grandes batalhadores do teatro nacional.
Dona Aurora
do Amaral Lisboa referia que esse edifício reproduzia em ponto menor o Theatro
São Pedro, da capital do Estado, dispondo de bom palco e de três ordens de
camarotes, o mais alto correspondendo ao “paraíso”. O palco era elevado,
normal. A iluminação era elétrica (1915). Recordou também que, ao princípio,
quando ainda não possuía o mobiliário, os senhores da heróica cidade mandavam
seus escravos e criados levarem cadeiras, de véspera, para suas famílias
assistirem às representações.
Após um
período em que não havia grupo dramático em atividade, o prédio foi adquirido
pela firma Irmãos (Osvaldo e Nicolau) Fischer e, sucessivamente, transformado
em cinema, casa de bolão, depósito de fumo, depósito de arroz, secador de
arroz... e aí, o incêndio que lhe deixou somente as velhas paredes de pé.
Também entre os rio-pardenses o teatro encontrou no
passado operosos cultivadores. Segundo testemunha um deles, Francisco Rodrigues
Ferreira Filho, cujo pai Francisco Ferreira além de político, de intendente e
de republicano, era um apaixonado amador das coisas de teatro, houve na
“Tranqueira Invicta” pelo menos quatro grupos dramáticos sucessivos, e mais
dois, de teatro infantil.
REFERÊNCIA
HESSEL, Lothar. O teatro no Rio Grande do Sul.
Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS, 1999. p. 150-152.
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