sábado, 31 de dezembro de 2016

PROFESSORA BRUNHILDE LOTZ


Quem estudou, como nós, no Curso de Estudos Sociais da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras na FISC, na década de 70 do século passado, foi aluno da professora Brunhilde. Pois no Arquivo Histórico de Rio Pardo encontramos, numa edição do Jornal de Rio Pardo, de 29 de janeiro de 1956, página 4, a seguinte notícia sobre ela:

A fim de proceder pesquisas no Museu local, esteve nesta cidade vários dias a Senhorita Brunhilde Lotz, professora do Ginásio Mauá, de Santa Cruz. Naquele local, tivemos oportunidade de palestrar longamente com aquela ilustre mestra e ficamos sabendo que é neta do Sr. Ernesto Beulke.
Professora Lotz, por duas vezes esteve na Europa. Na primeira vez, em fevereiro de 1953, fora matricular-se na Universidade de Mearburg (Faculdade de Filosofia), onde passou mais de dois anos estudando literatura romana e germânica, pois voltou em maio de 1955. Nesse mesmo ano, em Julho, retornou àquela Universidade, permanecendo ali até Dezembro último. No período de férias escolares a Senhorita Lotz percorreu vários países europeus, além da Alemanha, como Holanda, Bélgica, Suíça, Itália, França, Espanha e Portugal.
Colheu maravilhosas fotografias e conheceu várias cidades e regiões célebres e tradicionais.


A Professora Brunhilde faleceu em 3 de outubro de 2004, no Hospital de São Leopoldo, aos 90 anos de idade. 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

EXPANSÃO TERRITORIAL – CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO

 Quando acabaram as invasões dos espanhóis, houve grande expansão em Rio Pardo, trazida pelo desenvolvimento rápido da pecuária e da agricultura, com o povoamento, por elementos portugueses e nativos, ao longo da margem esquerda do Jacuí, entre este e a Serra Geral.
As concessões de terras foram numerosas, mediante apenas a exigência de ocupação imediata, com a construção de casas, mangueiras, plantações, etc.
Inúmeras famílias retiraram-se do povoado, com seus escravos e empregados, indo habitar as grandes estâncias, obtidas por concessão do governo de Portugal e doadas principalmente a oficiais e praças que serviram no Quartel de Rio Pardo. Essas estâncias tornaram-se a origem da riqueza pastoril do Continente de São Pedro do Rio Grande do Sul.
A partir de 1780, foram demarcados os terrenos urbanos e concedidos a oficiais, médicos, capelães e inferiores da guarnição do Quartel.
O trabalho de demarcação das ruas foi realizado, a princípio, por engenheiros militares e, mais tarde, prosseguiu sob a direção de engenheiro civil.
Oficialmente, Rio Pardo nunca foi capital do Rio Grande do Sul, mas, por várias vezes, serviu de sede de governo, algum tempo, aos Governadores Gomes Freire de Andrade, Francisco Barreto Pereira Pinto e José Marcelino de Figueiredo.
A importância estratégica e econômica do Rio Grande do Sul, seu grande desenvolvimento, a lealdade dos súditos portugueses que habitavam seu território concorreram para que fosse elevado a capitania. Por decreto de dezenove de setembro de 1807, foi criada a Capitania Geral de São Pedro, sendo seu primeiro governador o Capitão-General D. Diogo de Souza. O Alvará de 27 de abril de 1809 dividiu-a em quatro municípios: Rio Grande, Porto Alegre, Santo Antônio e Rio Pardo.
O imenso território, que formava o município de Rio Pardo, abrangia uma área de cento e cinquenta e seis mil oitocentos e três quilômetros quadrados, ou seja, mais da metade do território da nova Capitania.
No ano de 1975, essa área, que já fora ocupada pelo nosso município, compreendia duzentos e sete municípios do Estado e, atualmente, muito mais.

FONTE: REZENDE, Marina de Quadros. Rio Pardo – História, recordações e lendas. 2ª. Ed. Rio Pardo:  s/ed., 1987. p. 41-42.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

SOBRADO DOS PANATIERI

O Sobrado localiza-se na Rua da  Ladeira, pertence a família dos Panatieri. Foi construído em 1798 e pertencia à congregação das Irmãs  do Imaculado Coração  de Maria. Na época da visita de D. Pedro II, pela segunda vez em Rio Pardo, em 1865, serviu para hospedagem do Imperador. Era propriedade do juiz Abílio Alvaro Martins e Castro. Depois comprada em 1930 pelo médico Luciano Raul Panatieri. As irmãs Panatieri administravam o Solar Panatieri espaço cultural de visitação de turistas principalmente os fins de semana.
Contam as filhas que o pai, após ser diplomado médico  em 1922, em Porto Alegre, foi residir em Rio Pardo. A cidade ainda não tinha hospital e o jovem teria feito parto da esposa de um fazendeiro sob a mira de um revólver. O homem havia ordenado que nem a  mãe nem o filho poderiam morrer e ficou tão satisfeito com a atuação do médico que lhe pagou 40 mil réis, dinheiro com o qual ele adquiriu a casa.


 FONTE: Rio Pardo, Uma Luz para a História- 200 anos, 

                Gazeta do Sul, 2008. 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

ANTIGO SUL HOTEL

Antigo Sul Hotel, localizado na Rua Dr. João Pessoa. Prédio de valor histórico e cultural do Século XX, cuja atividade hoteleira foi uma das mais importantes deste período.
Restaurado e hoje é sede do Banco do Brasil em Rio Pardo.



FONTE: Jornal de Rio Pardo, 2010.
Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

TEATRO EM RIO PARDO (2)

É de lastimar-se que a imprensa rio-pardense não tivesse nascido mais cedo[1]como ocorreu, por exemplo, no Rio Grande onde o Noticiador assistiu não só ao nascimento do principal Teatro (o 3º cronologicamente), o Teatro Sete de Setembro, como ainda através do seu correspondente em Pelotas, testemunhou os primeiros vagidos do Teatro Sete de Abril. Assim, pedra não restando sobre pedra, do primitivo Teatro Rio-Pardense, só se pode almejar que novas pesquisas deitem mais luz sobre o que aconteceu de artístico entre bastidores e bambolinas[2] na simpática cidade do Jacuí.
Tanto o Teatro Rio-Pardense como o que lhe sucedeu, o Teatro Sete de Setembro, tornaram-se atraentes para elencos itinerantes. Desse último escreveu Biágio Tarantino (Rio Pardo, 1903 – Porto Alegre, 1975): “Ainda no período imperial, no final do século XIX, até a década de 1920, existiu o conhecido Teatro Sete de Setembro, vistoso prédio com alegorias à arte teatral em seu frontispício e, em seu interior, três ordens de camarotes, guarnecidos de madeira torneada”[3]. E precisa, no artigo, que esse teatro ficava na Rua Brasil, depois General Osório e hoje Avenida Almirante Alexandrino; que em 1917 passou a chamar-se Teatro Apolo e que, já servindo para funções de comércio de atacado, foi destruído por incêndio. Também nele atuaram conjuntos locais e visitantes; entre estes, as companhias de Germano Alves (Portugal, 1859 – Rio de Janeiro, 1936), Apolônia Pinto, Alves da Silva, Aura Abranches, Furtado de Medeiros, Ribeiro Cancela e Zaparolli, segundo o referido pesquisador.
Por outro lado, sabem os rio-pardenses serem conterrâneos de Manuel de Araújo Porto Alegre, um dos grandes batalhadores do teatro nacional.
Dona Aurora do Amaral Lisboa referia que esse edifício reproduzia em ponto menor o Theatro São Pedro, da capital do Estado, dispondo de bom palco e de três ordens de camarotes, o mais alto correspondendo ao “paraíso”. O palco era elevado, normal. A iluminação era elétrica (1915). Recordou também que, ao princípio, quando ainda não possuía o mobiliário, os senhores da heróica cidade mandavam seus escravos e criados levarem cadeiras, de véspera, para suas famílias assistirem às representações.
Após um período em que não havia grupo dramático em atividade, o prédio foi adquirido pela firma Irmãos (Osvaldo e Nicolau) Fischer e, sucessivamente, transformado em cinema, casa de bolão, depósito de fumo, depósito de arroz, secador de arroz... e aí, o incêndio que lhe deixou somente as velhas paredes de pé.
Também entre os rio-pardenses o teatro encontrou no passado operosos cultivadores. Segundo testemunha um deles, Francisco Rodrigues Ferreira Filho, cujo pai Francisco Ferreira além de político, de intendente e de republicano, era um apaixonado amador das coisas de teatro, houve na “Tranqueira Invicta” pelo menos quatro grupos dramáticos sucessivos, e mais dois, de teatro infantil.
REFERÊNCIA
HESSEL, Lothar. O teatro no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS, 1999. p. 150-152.



[1] O primeiro jornal rio-pardense, ao que consta, surgiu em 1853: o Correio do Rio Pardo.
[2] Parte do cenário que liga os bastidores pelo alto e finge o céu ou o teto.
[3] Almanaque do Correio do Povo, 1970, p. 218. Artigo “O teatro em Rio Pardo”.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

QUEM FOI BIAGIO TARANTINO?

Biagio Soares Tarantino nasceu em Rio Pardo,em 08 de dezembro de 1903, e começou sua vida profissional como barbeiro em Cachoeira do Sul. Casou-se com a cachoeirense  Eva Ilda  da Luz  e retornou para a cidade Histórica. Uma das paixões de Biagio eram os objetos antigos. Em muitas de suas viagens pelo interior, adquiria materiais  que remetiam à Revolução Farroupilha e imagens sacras. Em 1935, por ocasião do centenário do embate entre farrapos e imperiais, promoveu-se uma exposição  cultural. Com  o êxito da iniciativa surgiu o Museu  de Arte Sacra, do qual Biagio Tarantino foi fundador e primeiro diretor. Mesmo  sem formação acadêmica, sendo um  autodidata  que conhecia a história de sua Cidade, passou a fazer parte de um grupo de intelectuais de Porto Alegre. Foi também organizador e Diretor do Museu Municipal e do Arquivo Histórico de Rio Pardo.
Morreu em 1976, aos 73 anos.
Hoje  o Arquivo tem o nome de BIAGIO SOARES TARANTINO, em homenagem do seu fundador.

FONTES: Rio Pardo, 200 anos, Cultura, Arte e Memória/Olgário Vogt, Maria Zoch Romero/ Gazata do Sul,2010.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

TEATRO EM RIO PARDO (1)


Dos primitivos teatros dessa cidade não resta mais pedra sobre pedra. Resta, porém, um dos mais antigos documentos sobre a história do teatro no Rio Grande do Sul, o Livro de Registro de sócios do Teatro Rio-Pardense, fundado naquela então vila, em 1845. Esse livro foi doado em 1965 ao Arquivo Municipal de Rio Pardo pelo desembargador Décio Pellegrini, natural desse município.
Foi a 1º de novembro daquele ano que Joaquim José da Silveira, na qualidade de “diretor externo interino” da associação que se formava, abriu o Livro com o habitual Termo de Abertura e rubricou as primeiras 94 folhas que, aliás, nem foram todas utilizadas. Segundo informa Dante de Laytano, “Joaquim José da Silveira era vice-presidente da Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional de Rio Pardo. A Sociedade teve destacada atuação nos acontecimentos de 1835[1], Identificável com a pessoa homônima que, segundo Sacramento Blake, em 1850 era diretor das escolas de primeiras letras da Corte e seu município.[2]
Matricularam-se sócios-fundadores, sócios-prestativos e sócios-contribuintes (isso sem falar nos sócios-honorários) num total que oscilou entre 132 e 196, ao sabor dos anos, das inscrições e dos desligamentos, entre 1845 e 185... . Distribuíam-se, por outra parte, entre assinantes de camarotes e de cadeiras da platéia, atingindo o número daqueles a cerca de quarenta, e o dessas a 180, o que já permite fazer-se um juízo sobre as dimensões do prédio. Quanto a este, talvez a única referência impressa seja ainda a de Dante de Laytano: “no Primeiro Império existia um teatro em Rio Pardo, na Travessa da Praça de São Francisco, ainda da Travessa Mateus Simões”[3], localização que é contestada por outras fontes documentais.
Os sócios apunham sua assinatura no livro, ascendendo seu número a 133. Deles, dez parecem ter sido os fundadores iniciais e destes, dois apenas têm assinaturas “a rogo”. Na lista geral constam diversos nomes de personalidades que se destacaram na vida da cidade (título concedido a Rio Pardo já no ano seguinte, 1846), da Província e do Império.[4]
Sobre as atividades dramáticas propriamente ditas, pouco se depreende das anotações do Livro, cuja finalidade obviamente era outra. De autores, atrizes, peças, interpretação, crítica, nada consta. Entretanto, em documento alheio ao Livro de Registro, consta haver madame Robert pago à Câmara Municipal a importância de 72$000 “por abrir teatro por três noites para divertimento público”, o que dá azo a imaginar-se que antes do Teatro Rio-Pardense, outro houvesse à semelhança de Rio Grande, Porto Alegre e Pelotas, que já antes da Revolução Farroupilha se deliciavam com as artes de Talia e Melpômene.
Uma anotação lateral informa-nos de que à récita de 17 de maio de 1854 compareceram aos camarotes 23 sócios-contribuintes e seis prestativos; à platéia, dezessete e oito respectivamente. Nesse ano se anotaram ainda récitas a 1º de julho e 30 de agosto, quando se interromperam definitivamente os registros no histórico livro. (continua)

REFERÊNCIA
HESSEL, Lothar. O teatro no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. da Universidade/UFRGS, 1999. P. 148-150)



[1] Almanaque do Rio Pardo. Porto Alegre: Tip. Do Centro, 1946. p. 149.
[2] In: Dicionário bibliográfico brasileiro, Rio de Janeiro, 1898, v. 4, p. 179.
[3] LAYTANO, Dante de. Op. cit. p. 48. Guilhermino César transcreve uma notícia da Gazeta de Lisboa de 1794 nos seguintes termos: “Festas Grossa em Rio Pardo [...] No segundo dia, à noite, se encaminhou o sobredito comandante [tenente-coronel Patrício José Correa da Câmara] com o povo ao teatro, onde se representaram por quatro noites excelentes comédias com maravilhosas danças”. (Primeiros cronistas do Rio Grande do Sul, 1605-1801. Porto Alegre: Faculdade de Filosofia da UFRGS, 1969. p. 180).
[4] Entre os sócios: o general José Joaquim de Andrade Neves, Barão do Triunfo; o Dr. Antônio Vicente de Siqueira Pereira Leitão, bacharel pela Faculdade de Direito de São Paulo, 1834; Manuel Ribeiro de Andrada e Silva; Joaquim Pedro da Silva Lisboa; o Dr. Antônio Ferreira de Andrade Neves; e o próprio Joaquim José da Silveira. Há no livro diversas listas de associados, o que torna difícil fornecer com precisão o número, o nome e a categoria dos muitos sócios. Entre eles figuram quatro doutores e cinco mulheres. Dos dezesseis fundadores que assinaram as primeiras listas, todos têm sobrenome luso, exceto o cidadão Henrique Augusto Krause.