A esquina das ruas Andrades Neves com Senhor dos Passos nos apresenta prédio novos, postes e fios de iluminação pública, e uma sinaleira. Mas aquele prédio da esquina aparentemente moderno, guarda lembranças de uma época perdida no passado.
É uma casa baixa, que já passou por muitas reformas, de
acordo com diversos usos que teve duranta sua longa existência.
Em 1821, por exemplo,
o Francês Auguste de Sant-Hilaire esteve em Rio Pardo e hospedou-se ali. Na época, a casa pertencia
ao sargento-mor José Joaquim de Figueiredo Neves. Em 1829 a Câmara de Vereadores encarregou
João Martinho Buff de fazer a primeira planta da Vila. No Cadastro que precisou fazer, Buff relacionou o prédio
como pertencendo a este militar e a concessão do lote ocorreu em 1805.
Na segunda metade do século 19 o Homem de Mello registrou,
em sua visita à família que então morava ali:
“Em seguida,
dirigi-me à casa, fronteira à mesma capela, pertencente ao brigadeiro José
Joaquim de Andrade Neves, com o fim de cumprimentar sua família, que me
constava aí se achar. Apareceram sua respeitável consorte filha, trazendo no
rosto desenhada melancolia, como se um íntimo pressentimento lhes estivera
dizendo que não mais veriam o seu idolatrado pai. O herói legendário e seus
dois filhos varões estavam desde 1864 ausentes na Guerra do Paraguai. Nessa casa
térrea e acanhada, hoje pertence a Andrade Neves por herança de sei pai,esteve
em 1821 hospedado o sábio Auguste de
Sant-Hilaire, que nesse ano viajava à província de São Pedro em sua longa excursão
pelo Brasil.”
Hoje, as pessoas circulam naturalmente pela rua. Será que
têm consciência de tudo o que já aconteceu neste nosso moderno ambiente urbano?
TEXTO: Silvia Barros e Ceres Kuhn Memória viva 12/05/2001
FONTE: Cadastro de João Martinho Buff/ Dicionário Geográfico
do Brasil- Alfredo Moreira Pinto/ Guia Histórico de Rio Pardo- Dante de
Laytano/ Viagem ao Rio Grande do Sul –Auguste Sant- Hilaire
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