Há 30 anos
reúnem-se, no Grêmio Recreativo União de Ramiz Galvão, vários amigos para saborear
um gostoso churrasco e conversar sobre assuntos gerais e relembrar sua infância,
idade adulta e os momentos atuais, hoje a melhor idade. Acontece a Semana de
Ramiz Galvão,desde década de 60 (SERAG), procura manter vivos os costumes e
tradições da comunidade. Relata a grandeza deste centro Ferroviário e seus
reflexos sócios - políticos - religiosos e econômicos, no município.
Resolvi escrever todas as experiências
que vivenciei desde a infância, o que meu pai, conterrâneo do “Leão do Caverá”,
Senhor Honório Lemos, no Distrito de São Leandro relatava e também os
depoimentos e testemunhos dos parentes dos meus amigos, que pertenciam aos
quadros da ferrovia.
A atual geração deverá, portanto,
historiar e fazer memória dos fatos importantes desta época, pois se deixar de
fazê-lo morrerão através do tempo.
Eram quatro sociedades,
três desapareceram com o tempo. Foram tempos maravilhosos e riquíssimos, as
sociedades tinham características próprias, interessantes. Muitas entrevistas
raras e perdidas no tempo, que consegui copilar. Não há registro documental das
sociedades que já fecharam as portas. Começarei a descrever a Sociedade José do
Patrocínio (negros), Grêmio Ramiz Galvão (dos morenos), Associação Recreativa
Ferroviária (classista) e Grêmio Recreativo União ( o único hoje existente).
José do Patrocínio- na pequena rua Vicente de Leria, junto, hoje, à Praça
Otavio da Silva Souza, existia uma sociedade de negros, com o nome de José do
Patrocínio, fundada em maio de 1942, alicerçada no importante centro
ferroviário que aqui existia.
Idealizadores e fundadores ferroviários: Floretino Ávila (maquinista)
presidente, Estácio Soares Carvalho vice, Arquimedes, secretário.
A Sociedade tinha como objetivo principal
realizar festas a 13 de maio, junina, réveillon e carnaval. Os blocos
carnavalescos tinham flores na cabeça,
predominando a cor azul. A roupa dos homens era calça azul, camisa branca com
estrelas douradas com pó brilhante Buchavam o bloco Otacilo S. Carvalho e C Arlinda
Maria Severo. Ajudava na copa o Sr. José Alves, morador em Ramiz Galvão.
Aos
domingos á noite havia reunião dançante, sendo músicos, os próprios associados
destacando-se o Sr. Batista ferroviário, musico e professores de violão.
A
diretoria era muito rígida e, para preservar a cultura da raça negra, não era
permitida a entrada de pessoas que não se enquadrassem nas regras
estabelecidas.
As
atividades foram encerradas em 1965, quando deixou de existir o centro
ferroviário.
FONTE: Jornal de Rio Pardo,
09/11/2002- Valmir da Cunha Lopes. Reportagem no AHMRP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário