quinta-feira, 21 de setembro de 2017

A ERA ROMÂNTICA QUE FEZ A HISTÓRIA DE UMA COMUNIDADE I

 Há 30 anos reúnem-se, no Grêmio Recreativo União de Ramiz Galvão, vários amigos para saborear um gostoso churrasco e conversar sobre assuntos gerais e relembrar sua infância, idade adulta e os momentos atuais, hoje a melhor idade. Acontece a Semana de Ramiz Galvão,desde década de 60 (SERAG), procura manter vivos os costumes e tradições da comunidade. Relata a grandeza deste centro Ferroviário e seus reflexos sócios - políticos - religiosos e econômicos, no município.
Resolvi escrever todas as experiências que vivenciei desde a infância, o que meu pai, conterrâneo do “Leão do Caverá”, Senhor Honório Lemos, no Distrito de São Leandro relatava e também os depoimentos e testemunhos dos parentes dos meus amigos, que pertenciam aos quadros da ferrovia.
A atual geração deverá, portanto, historiar e fazer memória dos fatos importantes desta época, pois se deixar de fazê-lo morrerão através do tempo.
Eram quatro sociedades, três desapareceram com o tempo. Foram tempos maravilhosos e riquíssimos, as sociedades tinham características próprias, interessantes. Muitas entrevistas raras e perdidas no tempo, que consegui copilar. Não há registro documental das sociedades que já fecharam as portas. Começarei a descrever a Sociedade José do Patrocínio (negros), Grêmio Ramiz Galvão (dos morenos), Associação Recreativa Ferroviária (classista) e Grêmio Recreativo União ( o único hoje existente).

José do Patrocínio- na pequena rua Vicente de Leria, junto, hoje, à Praça Otavio da Silva Souza, existia uma sociedade de negros, com o nome de José do Patrocínio, fundada em maio de 1942, alicerçada no importante centro ferroviário que aqui existia.

Idealizadores e fundadores ferroviários: Floretino Ávila (maquinista) presidente, Estácio Soares Carvalho vice, Arquimedes, secretário.
 A Sociedade tinha como objetivo principal realizar festas a 13 de maio, junina, réveillon e carnaval. Os blocos carnavalescos tinham  flores na cabeça, predominando a cor azul. A roupa dos homens era calça azul, camisa branca com estrelas douradas com pó brilhante Buchavam o bloco Otacilo S. Carvalho e C Arlinda Maria Severo. Ajudava na copa o Sr. José Alves, morador em Ramiz Galvão.
Aos domingos á noite havia reunião dançante, sendo músicos, os próprios associados destacando-se o Sr. Batista ferroviário, musico e professores de violão.  
A diretoria era muito rígida e, para preservar a cultura da raça negra, não era permitida a entrada de pessoas que não se enquadrassem nas regras estabelecidas.
As atividades foram encerradas em 1965, quando deixou de existir o centro ferroviário.

FONTE: Jornal de Rio Pardo, 09/11/2002- Valmir da Cunha Lopes. Reportagem no AHMRP.

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