Em 1782 o padre visitador
Vicente José da Gama Leal chegou ao Acampamento de Rio Pardo, para verificar as
atividades dos padres locais. Ele tinha a função de verificar as atividades dos
padres no local e alertou sobre o “pernicioso, diabólico e infernal abuso dos
únicos divertimentos que ordinariamente sendo daquele se lhe ouve dar o
difamento nome de fandango (...)”.
Segundo o visitador, nos
fandangos ocorria “o erro e o vício do abuso dos bailes e das danças”. Dizia
mais: “as danças promiscuas de homens e mulheres são como cruéis restos do
paganismo”.
“As queixas do visitador
foram claras em respeito à preferência pelas festas do fandango por parte dos
homens e mulheres de Rio Pardo que, ao invés de praticarem as obras e os
louvores a Deus, escolhiam os bailes de fandango”. Reclamava mais: nos dias
reservados ao culto, moradores de Rio Pardo não se importavam em assistir
missa, praticar o jejum, a abstinência da carne nos dias estipulados pela
Igreja. Davam preferência ao trabalho e às danças do fandango. Boa parte dos
sistemas culturais em Rio Pardo, provavelmente, seguiam orientações valorativas
diferentes das exigências eclesiásticas, obrigando o visitador a reconhecê-las
como problemas à efetividade da disciplina eclesiástica a ser alcançada.
NEUMANN, Eduardo
Santos; RIBEIRO, Max Roberto Pereira. A evangelização falada e escrita: notas
sobre escrita e oralidade eclesiástica no Brasil do século XVIII. Revista
Memória em Rede, Pelotas, V. 7, n. 13, jul/dez 2015. Disponível em: HTTP://dx.doi.org/10.15210/rmr.v7i13.6309
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