domingo, 6 de março de 2016

COLONIZAÇÃO ALEMÃ EM RIO PARDO

                O império brasileiro, implantado com a proclamação da independência em 1822, exigia reorganização da Província para adaptar-se às mudanças estruturais da economia brasileira, geradas pela influência do capitalismo inglês. A imigração européia, no caso do Rio Grande do Sul alemã e italiana, tinha função de estimular um mercado consumidor interno e povoar as áreas periféricas, principalmente a zona do planalto norte.
                Em Rio Pardo a primeira colônia alemã começou a instalar-se em 1849: Santa Cruz, formada por pequenos proprietários rurais, com mão de obra familiar, que cultivavam milho, batata, mandioca, feijão, fumo. Mas os imigrantes trouxeram também técnicas manufatureiras, empregadas mais tarde no desenvolvimento industrial. Muitos eram aristocratas e letrados, outros habilidosos artífices em carpintaria, ferraria e sapataria.
                Rapidamente o núcleo colonial desenvolveu-se e a vila organizou-se, com engenheiros da Coroa estruturando estradas, ruas e prédios. Junto com as atividades agrícolas iniciou-se o processo de industrialização, com moinhos, atafonas, engenhos de açúcar, fábricas de azeite, curtumes, fábricas de arreios, ferrarias. Aos poucos foram sendo abertas novas estradas, integrando a colônia e Rio Pardo ao planalto norte e à fronteira noroeste.
                A colônia cresceu e desenvolveu-se rapidamente: em 1872 tinha 7.310 habitantes, enquanto Rio Pardo tinha 11.571. No final do século XIX a população de Santa Cruz superava a de Rio Pardo. E enquanto os colonos faziam carroças, cortavam pedras e tinham artífices para todo tipo de trabalho, os rio-pardenses simplesmente comandavam seus escravos.
                Em 1877 Santa Cruz desmembrou-se de Rio Pardo. Rapidamente, mostrou-se como um município de grande diversidade produtiva, especializado na produção e exportação de fumo, com atividades comerciais intensas, que logo fizeram surgir novos setores de serviços e infra-estrutura urbana: telefonia, iluminação a gás, água encanada, melhoramentos urbanos, mercado público, companhias de seguros.
                Observa-se, hoje, que Santa Cruz do Sul surgiu de um núcleo colonial, formado a partir de pequenas unidades de exploração, com produção diversificada, criando distribuição de renda menos concentrada, o que resultou numa rede urbana formada por pequenos núcleos próximos uns dos outros. Os descendentes de imigrantes alemães – a exemplo do que fizeram também os italianos – dinamizaram a economia do Rio Grande do Sul, tornando-a industrializada, enquanto a Região Sul permanecia fiel ao manejo do gado.

OBS: Outras colônias alemães criadas no território de Rio Pardo: Rincão Del Rei, 1850; Monte Alverne, 1859; Rio Pardense, 1862 e Candelária, 1863.

FONTE:  SILVEIRA, Emerson Lizandro Dias. Transformações na organização espacial do município de Rio Pardo- RS. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós- Graduação em Geografia, Área de Concentração Meio Ambiente e Sociedade, da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Geografia. Santa Maria, 2009.
Disponível em: http://cascavel.ufsm.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2863

                

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