COLONIZAÇÃO
ALEMÃ EM RIO PARDO
O
império brasileiro, implantado com a proclamação da independência em 1822,
exigia reorganização da Província para adaptar-se às mudanças estruturais da
economia brasileira, geradas pela influência do capitalismo inglês. A imigração
européia, no caso do Rio Grande do Sul alemã e italiana, tinha função de
estimular um mercado consumidor interno e povoar as áreas periféricas,
principalmente a zona do planalto norte.
Em
Rio Pardo a primeira colônia alemã começou a instalar-se em 1849: Santa Cruz, formada
por pequenos proprietários rurais, com mão de obra familiar, que cultivavam milho,
batata, mandioca, feijão, fumo. Mas os imigrantes trouxeram também técnicas
manufatureiras, empregadas mais tarde no desenvolvimento industrial. Muitos
eram aristocratas e letrados, outros habilidosos artífices em carpintaria,
ferraria e sapataria.
Rapidamente
o núcleo colonial desenvolveu-se e a vila organizou-se, com engenheiros da
Coroa estruturando estradas, ruas e prédios. Junto com as atividades agrícolas
iniciou-se o processo de industrialização, com moinhos, atafonas, engenhos de
açúcar, fábricas de azeite, curtumes, fábricas de arreios, ferrarias. Aos
poucos foram sendo abertas novas estradas, integrando a colônia e Rio Pardo ao
planalto norte e à fronteira noroeste.
A
colônia cresceu e desenvolveu-se rapidamente: em 1872 tinha 7.310 habitantes,
enquanto Rio Pardo tinha 11.571. No final do século XIX a população de Santa
Cruz superava a de Rio Pardo. E enquanto os colonos faziam carroças, cortavam
pedras e tinham artífices para todo tipo de trabalho, os rio-pardenses
simplesmente comandavam seus escravos.
Em
1877 Santa Cruz desmembrou-se de Rio Pardo. Rapidamente, mostrou-se como um
município de grande diversidade produtiva, especializado na produção e
exportação de fumo, com atividades comerciais intensas, que logo fizeram surgir
novos setores de serviços e infra-estrutura urbana: telefonia, iluminação a
gás, água encanada, melhoramentos urbanos, mercado público, companhias de
seguros.
Observa-se,
hoje, que Santa Cruz do Sul surgiu de um núcleo colonial, formado a partir de
pequenas unidades de exploração, com produção diversificada, criando
distribuição de renda menos concentrada, o que resultou numa rede urbana
formada por pequenos núcleos próximos uns dos outros. Os descendentes de
imigrantes alemães – a exemplo do que fizeram também os italianos – dinamizaram
a economia do Rio Grande do Sul, tornando-a industrializada, enquanto a Região
Sul permanecia fiel ao manejo do gado.
OBS: Outras colônias alemães criadas no território
de Rio Pardo: Rincão Del Rei, 1850; Monte Alverne, 1859; Rio Pardense, 1862 e
Candelária, 1863.
FONTE: SILVEIRA, Emerson Lizandro Dias. Transformações
na organização espacial do município de Rio Pardo- RS. Dissertação apresentada
ao Curso de Mestrado do Programa de Pós- Graduação em Geografia, Área de
Concentração Meio Ambiente e Sociedade, da Universidade
Federal de Santa
Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em
Geografia. Santa Maria, 2009.
Disponível em: http://cascavel.ufsm.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2863
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