Ana Aurora
O 7 de Setembro de 1870 à Proclamação da República
A partir dos relatos de época, podemos conhecer um pouco sobre como se
vivia o sete de setembro ao final do século XIX.
O fato é que, naquele momento histórico, havia orgulho, por parte da
população, pela Pátria. Nos demos conta que o contexto era outro.
“(...) tudo se movimentava em Rio Pardo para festejá-lo. Sem distinção
de ricos e pobres, de grandes e pequenos, todos porfiavam em manifestar os
sentimentos cívicos que os animavam. Não havia casa que não iluminasse a sua
fachada, caprichando cada qual em fazê-lo de modo a chamar a atenção pública
pela fantasia e gosto das luminárias. Não tínhamos a luz elétrica: a iluminação
era feita com lanternas de papel de seda; mas imaginai o efeito desta rua com
todas as suas casas iluminadas, pois nenhuma ficava às escuras, estando as
despesas a fazer ao alcance de todos. As famílias saíam a percorrer as ruas,
para apreciar as luminárias e decidir qual a iluminação [era a] mais bonita. Em
algumas as legendas luminosas - Viva o dia 7 de Setembro! Independência ou
Morte! e outras - produziam um bonito efeito e excitavam o entusiasmo. Muitos
balões subiam de diversos pontos da cidade, levando aos ares as saudações do
povo à grande data nacional!” *
Certa professora, conhecida pelo apelido de Tia Anoca, compara aquela
época com o início da década de 1920. Ana Aurora vê com tristeza a falta de
entusiasmo das pessoas, que já não iluminam suas casas com luminárias de
lanterna de papel, colocando-as em frente das casas. O único local a seguir a
tradição era o Colégio Amaral Lisboa. Nas palavras dessa defensora das
tradições patrióticas… “mas sabe Deus quão ridícula não parecerá esta casa,
ostentando-se tão fora da moda aos olhos do progresso”. *
Conta a educadora que, iluminadas, à luz elétrica, havia unicamente o
edifício da intendência e o quartel da força federal. “(...) ninguém se anima a
iluminar suas casas em sinal de alegria, com lanternas (...)”. *
Justamente, o encanto residia no fato, de cada um fabricar a sua
iluminação, “(...) era um gosto, pode-se dizer um trabalho feito por amor à
Pátria;” *
Quanto as autoridades, naquele “(...) tempo o povo corria a apinhar-se
em frente ao edifício da Câmara Municipal para ouvir o discurso que lhe dirigia
de uma das janelas o presidente da mesma Câmara e corresponder com entusiasmo
aos vivas do estilo com que o terminava: - Viva o 7 de Setembro! Viva a nação
brasileira! Viva S. M. o Imperador!” *
Nas palavras de Ana Aurora: “Não sei se hoje o povo faz o mesmo.” *
* Fonte: SPALDING, Walter. A Grande Mestra. Porto Alegre: Sulina, 1953.
P. 158
AHMRP.
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