Fato curioso registrado pela escritora rio-pardense, a professora Marina de Quadros Resende, "menciona em seu livro que por ocasião do desligamento de Getúlio Vargas e mais seus companheiros, a Escola formou e os desligados, a caminho da estação ferroviária que os levaria presos
para Porto Alegre, desfilou frente aos que ali permaneciam, e que Getúlio, ao passar defronte ao delator de seus colegas, jogou-lhe com um pé uma de suas botinas, razão de haver chegado a Porto Alegre com um dos pés descalços."
FONTE: Escolas Militares de Rio Pardo, Claudio M. Bento e Giorgis, 2005.
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
TRAJETÓRIA DE GETÚLIO VARGAS
1883 - Nasce em São Borja, Rio Grande do Sul
1897 - Seu pai, Manoel do Nascimento Vargas, envia-o para Ouro Preto,MG, para estudar
1898 - Ingressa no 6º Batalhão de Infantaria, sediado em São Borja
1900/1902 - Frequenta a Escola Preparatória e de Tática do Rio Pardo
19903/1907 - Cursa a Faculdade de Direito, em Porto Alegre
1909 - Inicia na vida política como deputado estadual pelo PRR
1912 - Reeleito deputado estadual, renuncia a seguir ao mandato por se desentender com Borges de Medeiros
1917 - Elege-se deputado estadual
1922 - Elege-se deputado federal
1926 - Torna-se ministro da Fazenda de Washington Luís
1927 - Vence as eleições para o governo do Estado
1928/1930 - Preside o Rio Grande do Sul
1930 - Derrotado nas eleições para presidente da República, assume como chefe de uma revolução
1930/1934 - Chefia o Governo Provisório
1934 - É eleito presidente da República pela Assembléia Constituinte para um mandato de quatro anos
1937 - Instaura o Estado Novo, que vai até 1945, quando é deposto por um movimento militar
1946 - É eleito senador constituinte e deputado
1950 - Elege-se presidente da República
1954- Suicida-se com um tiro
FONTE: Uma luz para a história do Rio Grande- Rio Pardo 200 anos - Cultura, arte e memória, 103, 2010.
sábado, 11 de novembro de 2017
GETÚLIO VARGAS NA ESCOLA TÁTICA DE RIO PARDO
Em 27 de
março de 1900 Getúlio Vargas ingressou na Escola Tática de Rio Pardo, destinada
ao preparo dos candidatos ao ingresso na Escola Militar do Rio de Janeiro.
“Sua
vida escolar foi elogiável, visto que destacava-se entre os primeiros em
matérias como português, francês, geografia, aritmética e álgebra. O mesmo não
acontecia com inglês e desenho linear, nas quais apresentava algumas
dificuldades. Frequentou a Escola durante 2 anos e meio, ao lado de colegas
como Eurico Gaspar Dutra, Ildefonso Soares Pinto, Manoel de Cerqueira Daltro
Filho e muitos outros nomes que posteriormente se destacaram na vida política
brasileira. Mas a sua convicção em alargar a experiência do oficialato viria a
sofrer uma ruptura marcada por um conflito de indisciplina militar, falta grave
em instituições desta natureza. Esse acontecimento se deu no ano de 1902,
denunciando um sério atrito entre um grupo de alunos e um oficial.
O modo
como se desenvolveram os fatos indica que existia animosidade de alunos contra
o capitão Marcos Telles Ferreira. Em 3 de maio daquele ano, à noite, por
ocasião da revista de recolher ocorreram as primeiras manifestações de desacato.
Realizada a chamada, alguns alunos responderam por colegas ausentes. O oficial
manda fazer uma nova chamada. Observa-se um barulho excessivo provocado pelas
botinas no soalho, o que foi interpretado pelo capitão como ato de
desconsideração. Ocorreu ainda, depois do toque de silêncio, ter um grupo de
alunos, munidos de copos e canecas, descido as escadas reclamando água para
beber (...).”
Referência: MEDEIROS,
Laudelino. Getúlio Vargas na Escola de Rio Pardo. Revista do IHGRGS, nº 132. Porto
Alegre, 1997.
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
SOCIEDADE DA BOA HARMONIA
Ilmos Vereadores da Câmara Municipal
Os abaixo assinados, autorizados pelos indivíduos que compõem a Sociedade da Boa Harmonia participam a Vossa Senhoria que a Companhia Estrangeira de dançarinos na Corda e de Equilíbrios, pediu à Sociedade que lhe concedesse o Theatro para ali fazer suas funções, oferecendo á benefício do mesmo Theatro a quarta parte do produto de cada récita.
A Sociedade negou constantemente tal concessão por receio de que não fosse ludibriada a casa oferecendo-se nela espetáculos por dinheiro, e que por isso sofresse algum insulto. Constatando, porém a Sociedade a mendigues em que existem os desgraçados expostos, e desejando a muito exercitar para com estes infelizes, a sua filantropia, lançou mão desta ocasião, avisando-a Charini, diretor da Companhia de equilíbrios que recorressem a VV. SS que lhe franqueassem o Theatro com a mesma proposta que nos fez, e nos rogamos hajão de aceitar a oferta dele porque pomos a disposição de VV. SS. O THEATRO com a Condição que a quarta parte das receitas que fizerem, reverta a benefício dos Expostos, dignando-se nomearem VV. SS. Hum Membro que vigie cautelosamente nas contas que deve prestar Charini, para que não desfrute ele da concepção do Theatro para tão pudozo fim, e fiquem iludidas os sentimentos benéficos da Sociedade da Boa Harmonia.
Pede esta a VV SS mandem ao juiz de paz, e mesmo que essa Camara vigie que seja conservado respeito á casa e o decoro até agora seguido nas funções particulares, evitando os abusos que se praticam nos Theatros Públicos, o que se poderá conseguir por hum anúncio posto na porta do Theatro. Pede mais que se faça público que a Sociedade ofereceu o Theatro e para que fim.
Deos Guarde a VV. SS. Rio Pardo 28 de junho de 1831. O Coronel Felipe Neri... O Major Belchior da Costa Rebelo Correa da Silva......
FONTE: CÓDICE GERAL (CG) Nº 21 pg. 150 Ano, 1831
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
REGISTRO DE UM TERRENO- PRAÇA DOS QUARTÉIS
Registro de um título de terreno passado a Manoel Thomaz do Nascimento sito no canto da Praça dos Quartéis.
Ilmo. Snr. Marechal Governador – Diz Manoel Thomas do Nascimento Morador na Fronteira do Rio Pardo, que ele quer construir uma morada de Casa em um terreno que se acha devoluto na frente da Praça dos Quartéis fazendo canto na rua da Ponte cujo terreno tem oitenta palmos de frente norte , e oitenta ditas fazendo frente a Leste com os seus fundos competentes e como as quer possuir com seus legitimos, títulos, portanto para q. seja servido conceder-lhos Ereceberá Merce- Informe o Tenente Coronel Comandante da Fronteira do Rio Pardo Porto Alegre , 17 de junho de 1794. Estava a Rubrica do Governador Sebastião Xavier da Veiga de Saldanha declarando se o suplicante é de número dos assinantes . Rio Pardo 28 de junho de 1794- Camara – Senhor Tenente Coronel Comandante= O chão que o Suplicante requer neste requerimento está situado na Esquina que forma o lado do sul da Praça dos Quartéis com o seguimento da rua da Ponte a este chão compete –lhe a frente de setenta palmos ao Norte para a Praça, e cento e vinte de fundos ao Sul que frentião a Leste a dita rua da Ponte. Este chão é dos assinantes de maior quantia e como tal o não quiz Agostinho Pinto Ribeiro que tão bem o pretendia; acha-se devoluto e o suplicante tem posses para ser dos ditos assinantes . He o quanto posso informar a vossa mercê. Rio Pardo 23 de julho de 1794. José de Saldanha Capitão, Engenheiro Ilmo. Senr. Marechal Governador = O Terreno que o Suplicante requer se acha devoluto e nos ternos de V. S. lhos conferir, sendo servido, Rio Pardo 2 de outubro de 1794. Patrício José Correa da Camara Tenente Coronel Comandante Concedo ao Suplicante sem prejuízo de terceiros, o terreno mencionado neste requerimento. Porto Alegre 14 de outubro de 1794 Estava a Rubrica do Governador Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara = Rio Pardo 10 de julho de 1849. Secretário Feliciano José Coelho
FONTE: TRANSCRIÇÃO DE DOCUMENTOS LIVRO DE REGISTRO GERAL ( RG ) Nº 16 - 308, pg. 113 v./ 114 Ano: 1829/78 - AHMRP
FONTE: TRANSCRIÇÃO DE DOCUMENTOS LIVRO DE REGISTRO GERAL ( RG ) Nº 16 - 308, pg. 113 v./ 114 Ano: 1829/78 - AHMRP
QUARTÉIS
PEDRO
CASTELO SACARELO 1941.
...Quartéis de Rio Pardo, ampliado convenientemente sob as vistas do General Gomes Freire de Andrade, em 1752, diremos que devido ao estado de agitação dos índios contra os portugueses e espanhóis na fronteira, foi grande, desde início, o movimento de tropas vindas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, para de Rio Pardo seguiram aos campos de batalha. Depois de instaladas as tropas nos Quartéis, construídos ao redor do Alto da Fortaleza e criados as enfermarias e outros prédios nas imediações dos primeiros, foram procuradas acomodações para as famílias dos oficiais e subalternos ao longo das vias de comunicação para o interior da Praça, denominada dos Quartéis, e de saída para a Fronteira; mas de maneira a serem observadas as formalidades exigidas pelo governo de Portugal, de dar sempre aos núcleos militares, ou de povoadores civis criados a feição de Povoação nova, com suas ruas, praças e lugares para Igreja, cemitério e outros estabelecimentos públicos. Relatos transcritos para IBGGE, pg. 05, 1941. AHMRP
...Quartéis de Rio Pardo, ampliado convenientemente sob as vistas do General Gomes Freire de Andrade, em 1752, diremos que devido ao estado de agitação dos índios contra os portugueses e espanhóis na fronteira, foi grande, desde início, o movimento de tropas vindas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, para de Rio Pardo seguiram aos campos de batalha. Depois de instaladas as tropas nos Quartéis, construídos ao redor do Alto da Fortaleza e criados as enfermarias e outros prédios nas imediações dos primeiros, foram procuradas acomodações para as famílias dos oficiais e subalternos ao longo das vias de comunicação para o interior da Praça, denominada dos Quartéis, e de saída para a Fronteira; mas de maneira a serem observadas as formalidades exigidas pelo governo de Portugal, de dar sempre aos núcleos militares, ou de povoadores civis criados a feição de Povoação nova, com suas ruas, praças e lugares para Igreja, cemitério e outros estabelecimentos públicos. Relatos transcritos para IBGGE, pg. 05, 1941. AHMRP
FONTE: Pedro Castelo Sacarello( transcrição de um documento, pg. 05, 1941)
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
QUARTEL DE RIO PARDO
Em 1803
o Quartel de Rio Pardo tinha sob sua responsabilidade “os acontecimentos de uma
vasta parte do Rio Grande”, era um órgão fiscalizador e mantenedor da ordem. Os
problemas desta administração iam além das atribuições militares e enfrentavam
inúmeros problemas, como a demora na entrega de cartas e ofícios, que
retardavam ou impediam o cumprimento de determinações oficiais, afinal eram
extensões enormes a serem vencidas. No Quartel, faltavam desde o alimento até
fardas, munições e armas.
Além
disto era preciso superar desde a falta de material para os trabalhos de olaria
e serraria até grandes enchentes que impediam a circulação
de pessoas e cumprimento de ordens oficiais. Era difícil conseguir quem se
encarregasse de transportar farinha para as Missões e para os postos avançados
e faltava tudo, carne, farinha, ferramentas, panelas, mantimentos, arreios,
espadas, couro, lençóis, colchões e cobertas até para o hospital militar. A fome
entre os soldados das Missões era comum, escravos fugiam, ladrões de cavalos e
gado assolavam os campos. Os soldos atrasavam, soldados se revoltavam ou
desertavam.
Em 1804
tantas dificuldades já haviam feito surgir em Rio Pardo serrarias, olarias e
caieiras, que vendiam seus produtos para as construções necessárias, como a
reedificação do Hospital Militar.
Tropas
espanholas e índios vagueavam pelos campos, causando conflitos e estado
permanente de alerta para os militares encarregados de defender as terras
conquistadas, encarregados de coibir o contrabando e vigiar o gado. O clima era
de violência e insegurança e persistiam os problemas de desabastecimento:
continuavam faltando munição, armas, alimentos, roupas.
Os
chefes militares tinham atribuições além de suas funções regulares: “se lhes
incumbiam providências variadíssimas, até em matéria de exportação e
importação.” (LAYTANO, 1949, p. 20).
No ano
de 1806 um ofício do Tenente-Coronel Patrício Correia da Câmara, comandante da fronteira, em Rio Pardo,
mostra a interferência militar inclusive nos assuntos religiosos, ao tratar “sobre
a criação da Ordem Terceira da Penitência e construção de uma capela do Senhor
dos Passos; desavença dos irmãos da Ordem com os protetores da dita capela; os
irmãos resolvem construir uma capela-mor”. Nesta época o Quartel do Rio Pardo
intervinha na região missioneira, em territórios do atual Uruguai, em assuntos
militares, econômicos e religiosos.
Os problemas do comando do Quartel
se multiplicavam: captura de uma mulher casada, de um índio que assassinara um
menino, atritos entre oficiais do Quartel, atraso e violação de
correspondências oficiais: uma enorme anarquia entre as forças sediadas no Rio
Grande do Sul! E o Quartel de Rio Pardo acabava sendo impotente para resolver
os problemas devido, principalmente, às grandes distâncias. E tudo isto se
somava aos problemas corriqueiros do Quartel: falta de condições para promover
os necessários exercícios de cavalaria, falta de pagamento dos soldos,
problemas com gêneros para alimentar as tropas, carência de operários e
soldados técnicos, falta até de fardamento.
E ainda era
preciso controlar os povoadores da fronteira, que abandonavam seus
estabelecimentos e gado; rebelião de índios; comércio ilícito; mortes e prisões
de índios por oficiais portugueses; captura de escravos fugitivos; penetração
de forças espanholas e portuguesas em territórios contrários. A insegurança era
alarmante.
No ano seguinte
o Quartel ainda teve de administrar o extenso território e mais a fronteira
castelhana, diante da eminência de uma guerra entre Portugal e França aliada à
Espanha. Faltavam oficiais no Quartel, o contrabando e os furtos eram
freqüentes, faltavam cavalas e espadas e o armamento disponível era precário. E
esta situação ainda permaneceu por algum tempo, apesar de já ter sido criada
administrativamente a Vila de Rio Pardo.
REFERÊNCIA
LAYTANO, Dante de. O
quartel de Rio Pardo, Regimento de Dragões e conquista das Missões. Pequena
memória de história militar capitaria[1].
1807 – 1819. Porto Alegre: separata dos Anais da Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, 1949. 31 páginas.
[1]
Imposto, que se paga por cabeça. (http://www.dicionarioweb.com.br/capita%C3%A7%C3%A3o/);
impor capitação (exigir imposto). (http://www.dicionarioinformal.com.br/capitar/)
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