quarta-feira, 26 de outubro de 2016
RIO JACUÍ CONFLUÊNCIA COM RIO PARDO
Rio Pardo foi um dos centros comerciais mais importantes da Capitania. Seu Porto, no Jacuí, tinha grande movimento ali, atracavam continuamente muitas embarcações que traziam mercadorias de Porto Alegre, para serem conduzidas, por carroças e carretas,puxadas com várias juntas de bois, a outros lugares, principalmente a Serra e a Fronteira.
FONTE: Rio Pardo, História . Recordações. Lendas. Rezende,Quadros de Marina, 1993.
SOLAR DO ALMIRANTE
Biágio Tarantino colecionava objetos antigos e fazia questão
de mostra-los. Em 1935 organizou uma exposição sobre a Revolução Farroupilha e
depois disto surgiu a ideia de organizar um Museu Municipal. Após passar por
vários lugares, o Museu Municipal Barão de Santo Ângelo ganhou um lugar
definitivo: o Solar do Almirante, prédio com mais de 200 anos, serviu como
moradia e casa de comércio. Também foi abrigo para Tio Luís, um ex-escravo que
encantou muitos rio-pardenses com seu jeito
humilde e suas histórias.
Hoje, é o museu quem conta muitas histórias, com a ajuda de
várias pessoas da comunidade, organizadas na Associação dos Amigos do Museu
Barão de Santo Ângelo. O Solar do Almirante é um prédio antigo, restaurado, que
continua servindo à população.
FONTE: Texto de Silvia Barros e Ceres Kuhn. Gazeta do Sul
ARQUIVO
HISTÓRICO MUNICIPAL
CAPELA DOS PASSOS
Em 1815 a Irmandade dos Passos iniciou a construção da sua
capela para abrigar a imagem de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos. Os recursos para
a obra eram provenientes de doações da comunidade.
Durante toda a sua existência, a capela tem servido à
religiosidade do povo de Rio Pardo. Foi no seu interior que se realizou a
cerimônia religiosa quando do lançamento da pedra fundamental do prédio da Casa
de Caridade. Com certeza foi ali que rezaram os cadetes e lentes da Escola
Militar, instalada no prédio vizinho no final do século XIX.
A partir de 1931, a capela passou a ser administrada pelas
Irmãs do Imaculado Coração de Maria.
Como todas as igrejas da cidade, o prédio da Capela dos
Passos tem sido mantida com muitas dificuldades. A situação melhorou muito a partir de 1997,
quando foi criada a Associação dos Amigos da Igreja dos Passos, com o objetivo
de melhorar o prédio e possibilitar sua digna utilização pela população. A
partir de então, a capela recebeu pintura interna e externa e bancos novos,
doados pela comunidade, melhorando muito seu aspecto.
FONTE: Memória Viva –
Texto de Ceres Kuhm e Silvia Barros
Gazeta do Sul, 29/04/2000 AHMRP
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
HISTÓRIA DO HOSPITAL DOS PASSOS
No ano de
1846, a Irmandade de Caridade Nossa Senhora Bom Jesus dos Passos decidiu
construir uma Casa de Caridade, em terreno localizado ao lado da Capela dos
Passos.
A perda
fundamental deste prédio foi lançada em 1º de janeiro de 1848. A casa, porém,
nunca chegou a ser usada, pois a Irmandade não dispunha dos recursos financeiro
necessários para equipar o hospital e
instalações ao Governo Imperial, para o
funcionamento, ali, da Escola Militar.
Em 1929 é
feita novamente a proposta de criação de
um hospital de caridade, pela mesma Irmandade . Finalmente, em 20 de setembro
de 1930, é inaugurado o Hospital dos Passos. O prédio foi construído no terreno
de uma chácara, adquirida em 1914, situado na Rua 13 de maio. A primeira equipe
do hospital era composta pelo diretor, Dr. Miguel de Andrade Neves Meireles,
pela enfermeira Dona Amantina Gomes, que também acumulava as funções de
diretora econômica e responsável pela escrituração do estabelecimento, uma
cozinheira e dois serventes.
Nos arquivos
da Irmandade assim foram descritas as instalações: “O hospital seria composto
de duas enfermarias, uma para homens e outra para mulheres, com a lotação de
seis pacientes cada (...). A sala de assistência pública, adida à intendência,
foi denominada “Pedro Borba”. A capela servirá, quando preciso, de câmara
ardente”.
Com o passar
do tempo, o hospital recebeu vários acréscimos em suas instalações, para melhor
atender às necessidades da comunidade,
até se transformar no Hospital dos Passos, há 70 anos a comunidade rio-pardense
conta com os relevantes serviços prestados por esta entidade hospitalar.
FONTES: Jornal Gazeta do Sul, 10
/10/2000.
Texto: Silvia Barros/Ceres Kuhn (Memória Viva)
sábado, 15 de outubro de 2016
A IMPORTÂNCIA DA RUA DA LADEIRA
A Rua da Ladeira já se chamou Rua Direita,Rua do Imperador,Rua Silveira Martins e atualmente tem o nome de Júlio de Castilhos.
Exemplo da influência portuguesa na construção das cidades ou vilas do Brasil, foi também importante para o comércio e o transporte de mercadorias. Ela ligava o alto da Fortaleza, local onde teve origem o povoado, com a parte residencial.
A zona comercial ficava quase toda nas proximidades da praia e ruas a ela circunscritas. Na Rua da Ladeira, onde hoje fica a Praça da Matriz, também funcionava uma das feiras de comércio popular. Nas suas imediações, próximo à praia, ainda estava o Regimento dos Dragões de Rio Pardo.Foi construída supostamente por escravos em 1813, tem sido apontada como a primeira Rua calçada no Estado.
É provável que a Ladeira, com suas pedras irregulares, seja a via calçada mais antiga ainda existente em solo gaúcho.
FONTE :Vogt, Paulo Olgário
Uma Luz para a história do Rio Grande
Rio Pardo, 200 anos, Cultura,Arte e Memória, 2010
FOTO: http://memorialdotempo.blogspot.com.br/2014/11/viagens-rio-pardo-rs_82.html
FONTE :Vogt, Paulo Olgário
Uma Luz para a história do Rio Grande
Rio Pardo, 200 anos, Cultura,Arte e Memória, 2010
FOTO: http://memorialdotempo.blogspot.com.br/2014/11/viagens-rio-pardo-rs_82.html
quarta-feira, 12 de outubro de 2016
RS: O “CELEIRO” DO BRASIL
A
economia do Rio Grande do Sul condicionou a trajetória da sociedade
rio-grandense por configurar-se como um setor de abastecimento, subsidiário,
complementar e subordinado ao conjunto de economia brasileira. Até hoje, o
caráter colonial – primário-exportador – da produção de riquezas no Brasil
atende às necessidades de acumulação de capitais nos países hegemônicos; da mesma
forma, o Rio Grande do Sul trilha o mesmo sentido, secundário, em um contexto
menor: o da história do Brasil.
Ocorre
que o Rio Grande do Sul assumiu esse papel e desenvolveu valores que enfatizam
e defendem tal condição. A posição da economia complementar implica também
apropriação, por parte da classe dominante, de uma pequena parcela da riqueza
produzida. A classe dominante rio-grandense (ao longo da história, basicamente
pecuarista) adequou-se a essa situação, conformando-se com sua função secundária.
Assim,
a sociedade rio-grandense, através de seus segmentos dominantes, não criou nada
de novo. Apenas elaborou seu projeto histórico circunscrito ao ideal de ser o
“celeiro” do Brasil.
Os
setores agropecuários rio-grandenses, sem condições de capitalização, nunca
investiram na melhoria das pastagens ou dos solos, no aprimoramento genético
dos rebanhos e das sementes, na proteção dos produtores nem no aparelhamento
das vias de escoamento e de comercialização da produção. A pecuária manteve-se,
e ainda continua, basicamente extensiva.
Assim,
o crescimento dos rebanhos fica condicionado à maior disponibilidade de terras,
fortalecendo a grande propriedade rural, desprovida de aproveitamento racional.
Nas lavouras policultoras, em geral identificadas com a zona de imigração
ítalo-germânica, o esgotamento dos solos e o fracionamento dos lotes
inviabilizaram um modelo de desenvolvimento capitalista que mantinha os
agricultores na terra. Além disso, os solos do Rio Grande do Sul não são
geologicamente privilegiados. O uso extensivo e o emprego de técnicas
rudimentares têm comprometido o aumento da produtividade.
A
criação de gado, a produção de charque e a comercialização transferiram
prejuízos entre si porque os lucros eram escassos. Os agricultores que ocuparam
o planalto e sua encosta recorriam ao uso da coivara, queimando os elementos
orgânicos do solo. Esse processo ainda é bastante comum, mesmo nas lavouras
comerciais. Os agricultores foram (e ainda são) subordinados ao comerciante,
consequentemente, ao industrial e ao setor financeiro.
Em
certa medida, os entraves nunca foram assimilados como problemas de organização
da produção, mas apenas como falta de proteção tarifária, que deveria ser
estabelecida pelas autoridades federais ou estaduais.
O
que se pretende destacar é que a economia rio-grandense, voltada para a
produção agrícola, atendeu aos interesses do mercado brasileiro, ao mesmo tempo
que enriqueceu e consolidou uma classe dominante identificada com essas
características.
A
vocação de “celeiro” do Brasil privilegiou uma pecuária de baixa produtividade
e uma agricultura que não se consolidou enquanto policultora, gerando condições
para que muitos agricultores fossem expulsos do campo.
A
ideia de “celeiro” nacional foi fator decisivo para inviabilizar a construção
de um projeto de sociedade – ainda que gerenciado pela classe dominante –
representativo do conjunto de interesses locais.
Mesmo
com as limitações acima apresentadas, foi possível desenvolveu uma produção
primária ampla e diversificada. Além disso, o comércio cresceu, projetou
núcleos urbanos importantes e permitiu capitalizar recursos que foram
investidos em serviços e na agroindústria.
Assim
mesmo, o projeto capitalista foi restritivo e incapaz de administrar
politicamente o desenvolvimento da economia rio-grandense. Mais adiante
observaremos que industrialização local não atingiu um nível satisfatório que a
capacitasse a concorrer no mercado capitalista. Veremos também que a exportação
de grãos não decorre de um desdobramento histórico da lavoura local, mas
representa um reforço de atrelamento às políticas econômicas dos centros
hegemônicos brasileiros e, em certa medida, algo novo e diferenciado dos
objetivos da lavoura mais antiga da região.
Referência: MOURE,
Telmo Remião. História do Rio Grande do Sul. 2º Grau. São Paulo: FTD, 1994. p.
86-87.
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