terça-feira, 1 de julho de 2025

PRIMEIRA ATA DA CÂMARA MUNICIPAL DE RIO PARDO

Termo de Vereança Aos vinte Hum dias do mes de Mayo de mil outo centos , e onze annos nesta nova Villa do Rio Pardo em as casas da Camara da mesma onde se achava o Doutor Ouvidor Geral da Comarca Antonio Monteiro da Rocha com os Juizes, emais oficiaes da Camara para se prover sobre o bem publico. Acordarão que se fizesse a proposta a Junta da Real Fazenda de tres pessoas para Tesoureiros da Casas. Elegerão para Escrivão do Sello ao Tabellião Antonio Simõis Pereira e para Tesoureiro a Manoel Jose Ferreira de Faria e se procedeu na Eleição, e para dos Almotaces para servirem no presente anno. E por nada mais haver que Prover mandou fazer este termo em que assignou presidente, juizes, e mais Oficaes da Camara Guilherme Ferreira de Abreu Escrivão da Ouvidoria da Comarca o escrevi. Rocha, Leal, Guimarães, Abreu, Souza, Rebello, Cunha Fonte: LACM nº 01 1811/18 Arquivo Histórico Rio Pardo 19/05/2025.

CARTAS ANONIMAS Ana Aurora

Cartas Anônimas Causará estranheza o titulo deste e mais de um leitor perguntará admirado como ouso eu tratar de um assunto tão delicado, tão escabroso! É que a sociedade esconde sob o manto de suas convenções muita chaga cancerosa que é preciso cauterizar, e para isso necessário é pólas a descoberto, que não deve recear fazer quem tem por alvo o bem da mesma sociedade. Quem poderá bem calcular o mal que uma carta anônima pode produzir? Quantas uniões dissolvidas, quantas reputações manchadas, quantas famílias desunidas, quantas vinganças injustas, não tem causado uma carta destas? Pois o que é uma carta anônima? É o germem da dúvida e da desconfiança que se vai inocular no coração até então crente e confiante; é a semente da discórdia que vai desunir os membros da mais unida e pacífica família; é a ideia da vingança que levanta o braço armado do ferro homicida; e tudo isso, porem é mais ainda: é o escoadouro por onde as almas baixas e vis deixam extravasar os seus sentimentos indignos: é uma coisa tão imunda que só pode achar outra que lhe ganhe: - o ente sem dignidade que a forjou. Se a serenidade de espírito daquele que recebe uma carta anônima não fosse logo perturbada pela surpresa; se a indignação lhe permitisse raciocinar com calma, nada devia merecer-lhe mais desprezo, pois a lógica demonstrar-lhe-ia que tal coisa só poderia provir da mais indigna das criaturas. Na verdade, enquanto restar no homem um átomo do que se chama de sentimento de dignidade, ele não lançara mão de tão ignóbil meio para consecução de um fim seja ele qual for. Se é um amigo que deseja avisar, a amizade ensinar-lhe-á o caminho reto da fraqueza e da lealdade; se é   um inimigo a quem deseja ferir; a honra exigirá que o ataque a peito descoberto. Pode-se afirmar sem receio que o autor de uma carta anônima é infalivelmente um miserável corrido pela lepra moral da inveja. Não há, nem entre os animais mais vis, um termo de comparação que caracterize bem a abjeção aos seus sentimentos de inveja; compará-lo a um cão leproso, como tenho ouvido comparar, seria ofender o pobre animal, símbolo de lealdade de repelente doença de lepra, não nos engana e podemos afastar-nos dele a fim de evitar o seu contato. Outro tanto não sucede, com o invejoso de que nos ocupamos: a lepra que o corroi fica oculta, e a sociedade, em cujo seio ele é um elemento deletério, o recebe com prazer e suas próprias vitimas o acolhem com confiança, ignorando o que lhe devem! Quantas vezes, apertando a mão de alguém, não dirá cinicamente consigo mesmo o infame detractor: -“ Ah! Se este soubesse da verdade, em lugar de estender a mão para apertar a minha, ergue-la-ia, armada de um chicote para fustigar-me a cara!” E, confinado no mistério em que envolve seus ataques, mas cobarde mil vezes do que o salteador que se acoberta com a sombra da noite para roubar o inerme transeunte, o miserável invejo, cônscio da sua impunidade, afronta com audácia a sociedade, que o expulsaria indignada de seu seio se, suspeitasse a verdade! Anna Aurora Rio Pardo, 24 de julho de 1894 CARTA DO JORNAL O PATRIOTA RIO PARDO